Os Estados Unidos não convidarão Cuba, Nicarágua e Venezuela para a IX Cúpula das Américas, que será realizada em junho em Los Angeles. A informação é do chefe da diplomacia norte-americana para as Américas, Brian Nichols.
Em entrevista à emissora NTN24 nesta segunda-feira (02/05), Nichols afirmou que os países supostamente não respeitam a Carta Democrática das Américas e que por isso não estariam presentes.
“É uma decisão do presidente [Joe Biden], mas acho que ficou muito claro que (…) países que não respeitam a democracia por suas ações não receberão convites”, acrescentou.
No mesmo dia, o Grupo Puebla e a Comunidade de Estados Latino-Americanos e Caribenhos (CELAC) emitiram um comunicado convidando o mandatário norte-americano a realizar a Cúpula sem excluir os países em questão.
De acordo com o fórum de lideranças políticas de esquerda, Puebla, deixar de fora essas nações que sofreram “os custos sociais do impacto predatório do vírus da covid-19” não faz nenhum sentido, já que o tema central da cúpula será a análise da gestão da pandemia e das mudanças climáticas na região.
“Todos os países latino-americanos requerem cooperação internacional e intercâmbio econômico para poder arcar com a conta social e atender a reativação econômica derivada da pandemia. Alguns deles, como Cuba, poderiam inclusive contribuir muito em novas experiências para a prevenção e erradicação do vírus e suas possíveis novas variantes”, indicou.
OEA/Flickr
De acordo com chefe da diplomacia norte-americana para as Américas, a decisão é do presidente Joe Biden
Da mesma forma, ressaltou que a exclusão dos países seria uma discriminação por motivos ideológicos que afetaria as possibilidades de cooperação regional necessárias para superar crises futuras.
Já a CELAC insistiu que “é essencial superar as barreiras ideológicas e focar na busca por consensos”, devido às graves consequências que a pandemia de coronavírus trouxe para a região.
A organização multilateral reivindica o diálogo e a cooperação como ferramentas fundamentais para o bem-estar dos povos. Por isso, considera que esta Cúpula das Américas “representa uma grande oportunidade para construir um espaço de encontro no qual todos os países do Hemisfério participem de forma aberta e inclusiva, sob o objetivo unificador de concertar ações conjuntas”.
Ainda no mês passado, em 25 de abril, o ministro das Relações Exteriores de Cuba, Bruno Rodríguez, denunciou a exclusão do país caribenho das convocações e preparativos para o encontro.
Em declarações à imprensa, o diplomata afirmou que os Estados Unidos estão “enganando a opinião pública e os governos ao afirmarem que ainda não foi decidido sobre os convites”.
Rodríguez assinalou que o país norte-americano “está exercendo uma pressão extrema sobre numerosos governos da região que, de forma privada e respeitosa, se opõem a esta exclusão”.
(*) Com Brasil de Fato.