A justiça americana anunciou sexta-feira (15/12) a restituição ao Camboja de 13 obras de arte Khmer roubadas nas proximidades dos famosos templos de Angkor. As peças foram alvo de tráfico internacional até passarem a fazer parte do acervo do prestigioso Metropolitan Museum of Art (The Met) de Nova York, que as devolveu “voluntariamente”.
O procurador federal de Manhattan, Damian Williams, chefe do gabinete do procurador mais importante dos Estados Unidos, tornou pública num comunicado esta restituição de estátuas e esculturas da antiga capital Khmer, Koh Ker, a 80 km de Angkor, incluindo uma representação de uma deusa do século 10 e uma cabeça de Buda do século 7.
Williams especificou que o Met – um dos maiores museus do planeta – “concordou voluntariamente em devolver as antiguidades” e que “o processo de restituição estava em curso”.
A Justiça americana em Nova York já havia devolvido 30 obras Khmer a Phnom Penh, em agosto de 2022.
Da mesma forma, “todas as peças hoje devolvidas estavam diretamente ligadas ao tráfico ilegal e, em particular, a um homem chamado Douglas Latchford (falecido em 2020), um colecionador de arte e negociante indiciado (em Nova York) em 2019 por dirigir uma vasta rede de tráfico de antiguidades do sudeste da Ási
Todas estas obras e milhares de outras foram saqueadas no final do século 20, durante as guerras no Camboja na década de 1970, seguidas pela reabertura do país na década de 1990.
Twitter/USA Art News
EUA restituem ao Camboja obras de arte Khmer roubadas que estavam em Nova York
Tráfico internacional
Segundo a Justiça americana, milhares de estátuas, esculturas e lintéis Khmer foram traficados internacionalmente durante décadas, do Camboja para antiquários em Bangkok, na Tailândia, antes de serem exportados ilegalmente para colecionadores, empresários e museus na Ásia, Europa e Estados Unidos.
Entre eles, o britânico Douglas Latchford, foi acusado em 2019 em Nova York de tráfico de obras de arte, mas sua morte pôs fim à ação judicial.
No estado de Nova York, o gabinete do procurador local em Manhattan tem liderado uma grande campanha de restituição destas peças desde 2017. Nos últimos dois anos, mais de 1.000 itens no valor de U$ 225 milhões (R$ 1,1 milhão) foram devolvidos a mais de 20 países, incluindo Camboja, China, Índia, Paquistão, Egito, Iraque, Grécia, Turquia e Itália.
Nova York é um centro de tráfico e várias antiguidades foram apreendidas desde 2021-22 de museus, como o Met, e de ricos colecionadores privados em Manhattan.
O Met prometeu em maio devolver mais obras que possui ilegalmente.