Contra imigração, Trump anuncia que vai limitar concessão de refúgio
Nova regra obriga que migrantes peçam asilo em um terceiro país pelo qual passarem durante sua jornada da América Central até os EUA; refúgio norte-americano só será concedido se o primeiro pedido for negado
O governo de Donald Trump anunciou nesta segunda-feira (15/07) que pretende limitar as condições de refúgio para os estrangeiros que entrarem nos Estados Unidos depois de atravessarem o México e outros territórios. O objetivo é conter fluxo de migrantes que chegam ao país.
Segundo um comunicado divulgado pelo Departamento de Estado, a nova regra se baseia na lei de Migração para restringir ou limitar os requisitos que autorizam um estrangeiro a obter refúgio em solo norte-americano. O governo Trump busca obter um acordo com países na rota entre a América Central e os Estados Unidos, para que o processo dos imigrantes possa tramitar antes que eles cheguem em território norte-americano.
Denominado “Regulamento provisório final”, a norma entra em vigor nesta terça-feira (16/07), mas pode sofrer modificações posteriores após sua publicação nesta segunda e ser alvo de recursos judiciais. Casos de estrangeiros que tiveram seu pedido negado em última instância, que sejam “vítimas de uma forma grave de tráfico de pessoas” e que tenham transitado por países que não fazem parte da Convenção de Refugiados de 1951, ou do Protocolo de 1965, serão avaliados à parte. Promovida pela Casa Branca, a norma visa centenas de milhares de migrantes da América Central e de outros países que tentam chegar aos Estados Unidos pela fronteira com o México, para pedir refúgio em território norte-americano.
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Casa Branca busca um acordo com países na rota entre América Central e Estados Unidos
Mais de 100 mil presos em junho
Trump fez da luta contra a imigração o tema principal de sua campanha e de seu governo. Em junho, o presidente norte-americano informou que deportaria “milhões de estrangeiros ilegais”. Neste final de semana, o governo anunciou detenções em massa nas grandes cidades dos Estados Unidos, de imigrantes em situação irregular. O governo mexicano criticou as restrições propostas por Trump e pediu que os estrangeiros barrados nos Estados Unidos sejam devolvidos para seu país de origem, e não para um terceiro.
Em coletiva de imprensa, o chanceler mexicano Marcelo Ebrard disse que a nova norma emitida pelo Departamento de Justiça tem efeito apenas no território norte-americano e negou que o México se tornará um terceiro país seguro com essas medidas. A maioria dos estrangeiros que chegam aos Estados Unidos de forma irregular vindos do México é procedente de El Salvador, Guatemala e Honduras e tenta fugir da pobreza e da violência das gangues. Também há um crescente fluxo de pessoas provenientes da África, ou de países como Haiti.
Em junho, mais de 100.000 pessoas foram presas depois de cruzarem irregularmente a fronteira sul. Esses números representam uma queda de 28% em relação a maio, mas estão muito acima das 43.000 apreensões registradas há um ano e marcam um pico em 13 anos.