O ex-presidente da Bolívia, Evo Morales Ayma, afirmou nesta quinta-feira (01/06) que “a luta pela soberania e dignidade da América Latina deve ser coerente e consistente”, depois de rejeitar as declarações do presidente do Chile, Gabriel Boric, sobre a Venezuela.
Por meio das redes sociais, Morales disse que “sente muito pelas ações do irmão presidente do Chile, Gabriel Boric, que esquece a vocação anti-imperialista de Salvador Allende [ex-presidente do Chile deposto pela ditadura de Pinochet] e repete os ataques de Donald Trump contra o povo da Venezuela”.
Durante a cúpula dos líderes da América do Sul em Brasília, na última terça-feira (30/05) Boric expressou que a situação dos direitos humanos na Venezuela não é uma “construção narrativa”, mas uma “realidade séria”, que ele pessoalmente apreciou “nos olhos e na dor de centenas de milhares de venezuelanos que estão hoje no Chile e que também exigem uma posição firme e clara”.
Muy apenados por la actuación del hermano presidente de Chile @GabrielBoric que se olvida de la vocación antiimperialista de Allende y repite ataques de Trump contra el pueblo de Venezuela. La lucha por la soberanía y dignidad de América Latina debe ser coherente y consecuente.
— Evo Morales Ayma (@evoespueblo) June 1, 2023
Sua posição só foi apoiada pelo presidente uruguaio de centro-direita, Luis Lacalle Pou, que pediu aos chefes de Estado sul-americanos “que não cubram o sol com um dedo” sobre a situação dos direitos humanos na Venezuela.
Twitter/Evo Morales Ayma
Morales afirmou que "luta pela soberania e dignidade da América Latina deve ser coerente e consistente"
Ao intervir, o presidente venezulano, Nicolás Maduro, recusou-se a responder a ambas as abordagens em respeito ao encontro, no qual respirou “um espírito renovado de integração sul-americana”. “Deixe a história responder, deixe a verdade responder”, disse ele.
Além disso, ele assegurou que as narrativas hegemônicas sobre a Venezuela foram construídas “com o poder mais brutal que já se exerceu contra um país”.
Presidente @NicolasMaduro señaló que sobre Venezuela se han impuesto narrativas “con el poder más brutal que jamás se haya ejercido” en un intento por socavar el proyecto político que, desde hace 24 años, se mantiene en el país. pic.twitter.com/Yr6qycjpDz
— Prensa Presidencial (@PresidencialVen) May 30, 2023
Ele lembrou que as administrações dos Estados Unidos impuseram mais de 900 medidas coercitivas unilaterais para implodir a economia venezuelana, e provocando a violência interna, tudo acompanhado de tentativas de assassinato, ameaças de invasão militar e o uso do poder político e maquinaria diplomática para isolar seu país.
Maduro também exortou a “abrir uma nova etapa com tolerância, respeito e diálogo permanente, a partir de uma postura de estadistas, identificando os temas prioritários da região e tendo uma agenda de trabalho permanente”.
O líder da Venezuela destacou que o mundo “está passando por mudanças rápidas, uma nova geopolítica está surgindo e o declínio dos EUA se aprofunda”, alertando que a América do Sul e a Unasul “podem ficar para trás se a desunião, os preconceitos e a extrema ideologização das relações entre países prevalecer”.
(*) Com TeleSUR