O especialista em cibersegurança e doutor em ciências humanas e sociais Rodolfo Avelino foi o convidado do 20 MINUTOS desta quinta-feira (01/06) para uma entrevista sobre o colonialismo digital.
Ao diretor de redação de Opera Mundi, Haroldo Ceravolo Sereza, Avelino apontou que a velocidade com que as tecnologias digitais ocorreram foi “invasivo” na vida das pessoas, afirmando que essa introdução foi de uma forma neoliberal.
Isso porque, segundo ele, se construiu um “modelo de negócios baseado no comportamento das pessoas”. Para que esse modelo seja atendido, Avelino destacou que a necessidade que ele conheça os “desejos e produtos” da sociedade.
“Amazon, Facebook, Google e Microsoft, por exemplo, que dominam esse ambiente, começaram a oferecer serviços e produtos que ditaram padrões de tecnologia e mercado. Essa forma se utiliza das mesmas práticas tradicionais de colonialismo, da questão de influenciar o poder, extração de riquezas entre outros. Nessa perspectiva, todo nosso fluxo de dados e comportamento acabam sendo transferidos para servidores do EUA, abordo esse contexto de colonialismo digital”, disse.
Para Avelino, não é possível, atualmente, dissociar a empresa e o poder do Estado norte-americano. O especialista defendeu que a utilização das tecnologias ultrapassaram o comercial, dando exemplos das agências de segurança dos Estados Unidos que espionaram empresas brasileiras e a ex-presidente Dilma Rousseff.
A pesquisa de Avelino busca compreender o colonialismo digital, mas também entender o papel do imperialismo nesse meio. “Hoje, a maioria da estrutura de infraestrutura de servidores está sob domínio de empresas norte-americanas. E quando falamos de aplicativos, que utilizamos no nosso cotidiano, chega a quase 100%”, afirmou.
Segundo ele, a Europa não “incomodou” essa estrutura dos Estados Unidos. Ao contrário da China, que oferece uma “gama de aplicativos” que avança, mas ainda é pouco do controle dos Estados Unidos.