Diego Fernando Murillo, antigo líder das Autodefesas Unidas da Colômbia, grupo paramilitar de extrema-direita do país, revelou a autoridades que sua organização auxiliou a Central de Inteligência colombiana a investigar magistrados e personalidades durante o governo de Álvaro Uribe. As informações do testemunho foram veiculadas pelas emissoras públicas Canal Capital e Canal Uno.
Mais conhecido como “Don Berna”, ele está preso em uma penitenciária dos EUA, para onde foi extraditado em 2008. Em declaração a oficiais norte-americanos e colombianos, disse que “o DAS (Departamento Administrativo de Segurança) sempre foi muito próximo das Autodefesas”.
Murillo teria recebido equipamentos do DAS para realizar escutas ilegais, cujas gravações deveriam ser entregues a membros da cúpula da administração de Uribe, como os secretários Edmundo del Castillo e Bernardo Moreno, que está preso.
No ano de 2008, algumas dessas gravações chegaram a ser levadas até a sede do governo, onde ocorreu uma reunião de Del Castillo com o paramilitar Antonio López ( o “Job”) e o advogado Diego Álvarez, responsável pela defesa de Murillo. Também teriam integrado esse encontro a funcionária do DAS Marta Leal e os deplomatas Juan José Chaux e César Mauricio Velásquez.
“Isso nos dava mais solidez na relação que havia com o Governo Nacional” alegou “Don Berna”.
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Álvaro Uribe ao lado do ex-presidente norte-americano George Bush
Essas tratativas, segundo Murillo, teriam ocorrido na época em que o DAS esteve sob a chefia de Jorge Noguera, que foi condenado em 2011 a 25 anos de prisão por colocar a central de inteligência a serviço de grupos paramilitares.
Também María del Pilar Hurtado, ex-chefe de espionagem do país, está asilada no Panamá desde novembro de 2010 e ainda será submetida a julgamento da Suprema Corte de Justiça da Colômbia por seu vínculo com a série de escutas e perseguições ilegais.
Murillo alegou em seu testemunho que Hurtado “sabia de tudo o que estava acontecendo” e que Diego Alvarez comentava que “havia falado com ela e que estava inteirada de tudo o que estava ocorrendo”.
O esquema atingiu políticos, jornalistas e militantes dos direitos humanos. As Autodefesas Unidas da Colômbia, por sua vez, encerraram suas atividades em 2006, quando mais de 31 mil paramilitares foram desarmados.
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