“Uma bela amizade de longa data”, foi assim que o sociólogo e escritor Domenico De Masi definiu sua relação com o presidente brasileiro Luiz Inácio Lula da Silva. Os dois se encontraram no final da tarde desta terça-feira (20/06), reunião que abriu a intensa agenda do petista que permanece na Itália até quinta-feira (22/06).
Nesta manhã, De Masi conversou com Opera Mundi sobre o encontro e deu detalhes curiosos sobre sua amizade com Lula: “somos amigos de longa data. Para você ter uma ideia, o Lula estava junto comigo quando o [Oscar] Niemeyer me presenteou com aquele lindo projeto do auditório de Ravello”, contou o sociólogo.
A cidade de Ravello se localiza na costeira amalfitana e é palco de um dos principais festivais de música do país.
Dada a amizade entre os dois, o sociólogo progressista, e criador da teoria do “ócio criativo”, foi uma das tantas personalidades que estiveram em 2019 com Lula na Polícia Federal em Curitiba, quando ele se encontrava preso pela Operação Lava Jato.
“Falamos sobre a guerra e a posição de Lula de não enviar armas para a Ucrânia, mesmo diante dos pedidos do presidente Volodymyr Zelensky para que o fizesse”, disse De Masi. Segundo ele, Lula é a pessoa “certa para pôr um fim a essa guerra, pois tem ótimas relações com todos os países neutros, como a Índia e China”.
Além disso, para o intelectual, há uma “grande amizade” do presidente brasileiro com o papa Francisco: “eles têm uma visão unificada sobre a paz. É um jogo complicado, é claro, mas tem que ser jogado”.
Na viagem ao país europeu, Lula também irá se reunir com o pontífice nesta quarta-feira (21/06). A agenda do presidente brasileiro ainda teve encontro com o seu homólogo italiano, Sergio Mattarella, e no fim do dia com a primeira-ministra Giorgia Meloni.
Ricardo Stuckert
Lula e de Masi se reuniram nesta terça-feira (20/06), em Roma, durante viagem oficial do brasileiro à Itália
Para de Masi, o presidente Lula está fazendo uma “ótima política internacional”. “O Brasil está de volta, não há dúvida, porque com o [Jair] Bolsonaro o país desapareceu. Quem dera tivéssemos um líder com o carisma dele aqui na Itália”, declarou o italiano que voltou esta semana do Brasil.
Ele esteve no país por 15 dias e foi a Florianópolis e ao Rio de Janeiro. O sociólogo disse que viu Florianópolis como uma cidade ainda muito bolsonarista, mas que teve a impressão de que a oposição frontal entre os fãs de Bolsonaro e os de Lula está se suavizando um pouco. “Descobri que muitos brasileiros que votaram em Bolsonaro estão começando a ter dúvidas de que cometeram um grande erro, e isso já é um pequeno passo à frente”, disse.
Para ele, a estabilidade do governo vai depender também de como a economia vai comportar. “Para o próximo ano, espera-se que o PIB do Brasil aumente em 2%, o que é uma porcentagem muito alta. O problema que Lula deve enfrentar é o da pobreza. Ontem ele me disse que nunca entraria em guerra contra a Rússia, já que tem que fazer uma guerra para resolver os problemas de 30 milhões de pessoas pobres. Essa é a verdadeira guerra do governo Lula”, declarou o sociólogo.
Pela manhã nesta quarta, o presidente Lula se encontrou com o ex-primeiro-ministro da República Italiana Massimo D’Alema e a secretária-geral do Partido Democrático da Itália, Elly Schlein. Na parte da tarde Lula encontrou o Mattarella, e vai se reunir ainda com o papa Francisco, Meloni e o prefeito de Roma, Roberto Gualtieri.