Atualizada às 10h37
Israel e as milícias palestinas na Faixa de Gaza, lideradas pelo Hamas, cumpriram à risca na terça-feira e em parte desta quarta-feira (06/08) o primeiro dia da trégua de 72 horas, sem notícias de incidentes. A trégua faz parte dos esforços do governo egípcio para acabar com um mês de conflito entre Israel, Hamas e outras milícias da Faixa de Gaza, que causaram mais de 1,8 mil mortes entre os palestinos, e que foi aceita na última segunda-feira pelo governo do primeiro-ministro Benjamin Netanyahu.
As delegações de ambas as partes se reúnem nesta quarta-feira no Cairo, a capital do Egito, onde foi anunciado o cessar-fogo na segunda-feira, para negociar um acordo mais amplo para acabar com as hostilidades. Segundo analistas locais, a medida só foi aceita pelo governo de Israel depois que as Forças Armadas israelenses concluíram a destruição dos 32 túneis descobertos em Gaza e utilizados pelo Hamas para fazer ataques contra Israel, a principal missão da ofensiva terrestre iniciada no dia 17 de julho.
Desde o início da última ofensiva israelense contra a Faixa de Gaza, no dia 8 de julho, 1.867 palestinos morreram e 9.563 ficaram feridos, a maioria civis, de acordo com o Ministério da Saúde em Gaza. Do lado israelense, os mortos são 67, dos quais 64 são militares que caíram em combate e os outros três civis, dois israelenses e um tailandês, atingidos por foguetes lançados de Gaza.
Agência Efe
Tanque das Forças Armadas israelenses patrulha fronteira entre Israel e a Faixa de Gaza
Os prejuízos no território palestino causados pela operação militar israelense, cujos bombardeios atingiram mais de 4,8 mil alvos, foram avaliados em aproximadamente US$ 5 bilhões, que vão desde danos em edifícios públicos e bens particulares, passando por casas, infraestrutura de distribuição de água e eletricidade e até os depósitos de sua única central elétrica.
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Segundo um relatório divulgado ontem pelo Ministério da Informação palestino, baseado em estatísticas locais e de organizações internacionais, 10,6 mil imóveis sofreram as consequências dos bombardeios, dos quais 8.880 ficaram parcialmente danificados e 1.724 completamente destruídos.
Em Israel, o Ministério das Finanças e vários economistas calcularam na semana passada o custo do conflito armado em US$ 3,5 bilhões, entre armamento, retribuições para 82 mil reservistas, danos materiais, compensações financeiras e perdas de produtividade.
Máximo esforço egípcio
Izzat al Rishq, membro do gabinete político do movimento islamita Hamas, disse nesta quarta-feira que as autoridades egípcias asseguraram que empregarão o “máximo esforço” para cumprir com as exigências palestinas no conflito com Israel.
Após uma reunião no Cairo entre a delegação palestina e o chefe do serviço secreto egípcio, general Mohammed Farid al Tohami, o dirigente palestino qualificou de “responsável” o encontro, no qual a delegação palestina ressaltou suas exigências, sobretudo o fim da ofensiva e do embargo sobre Gaza.
Agência Efe
Palestinos jogam futebol em praia de Gaza durante cessar-fogo que deve durar 72 horas
“Escutamos de Tohami uma posição positiva, ele explicou que o Egito tem interesse em ajudar o povo palestino para o fim da agressão israelense e que tomará como sua a postura palestina”, disse Rishq. O representante do Hamas negou estar disposto a aceitar um acordo de paz que não “esteja ao nível dos sacrifícios” feitos pelo povo palestino.
Além disso, o líder do Hamas destacou a unidade palestina e afirmou que o objetivo de “destruir o projeto nacional palestino, a resistência, a unidade e o governo de consenso nacional” fracassou, já que, segundo ele, a aceitação israelense da trégua aconteceu pois o governo chegou a um “caminho sem saída”.
Opinião pública israelense
A maioria dos israelenses acredita que a ofensiva militar na Faixa de Gaza conseguiu cumprir apenas parcialmente os objetivos estipulados pelo governo, como a destruição dos túneis das milícias palestinas, segundo uma pesquisa divulgada nesta quarta-feira pelo jornal Haaretz.
De acordo com a enquete, elaborada pelo instituto Dialog, 56% dos israelenses têm essa opinião e não parecem impressionados com a posição triunfalista do governo do primeiro-ministro Benjamin Netanyahu. A pesquisa revelou ainda que 51% dos entrevistados acreditam que o resultado da disputa entre Israel e as facções armadas lideradas pela Hamas foi um empate.
Apesar de uma minoria considerar a operação Margem Protetora uma vitória clara para Israel, a maioria apoia Netanyahu, o ministro da Defesa, Moshe Yaalon, e o chefe do exército, general Beny Gantz. Netanyahu e Yaalon receberam 77% de aprovação e Gantz 83%, o que demonstra o respaldo à operação militar por parte da população israelense.
Por outro lado, a maioria dos entrevistados defende que Israel retome as negociações com o presidente da Autoridade Nacional Palestina (ANP), Mahmoud Abbas.
(*) Com informações da Agência Efe