A diretoria executiva do Fundo Monetário Internacional (FMI) aprovou nesta sexta-feira (25/03) um acordo de refinanciamento da dívida argentina de US$ 45 bilhões (cerca de R$ 214 trilhões).
A dívida foi contraída durante o governo do direitista Mauricio Macri, e o acordo aprovado pela entidade foi proposto pelo governo de Alberto Fernández. Com a renegociação da dívida, a Argentina passa a ter uma nova linha de crédito de US$ 45 bilhões junto ao fundo, que servirá para cancelar o empréstimo do ex-presidente.
Com a aprovação, cerca de US$ 9,8 bilhões ficam imediatamente disponíveis à Argentina, que permitirá ao país cumprir vencimentos de curto prazo de US$ 2,8 bilhões, prorrogado de 22 para 31 de março, e aumentar as reservas do Banco Central, que caíram para quase US$ 2 bilhões.
As tratativas entre o país e o FMI aconteciam há mais de dois anos. No dia 17 de março, o Senado da Argentina aprovou a proposta de Fernández, uma semana depois da Câmara dos Deputados ter tomado a mesma decisão. A aprovação por parte do banco internacional era o único procedimento que faltava para que ele fosse implementado.
Dentro do próprio partido governista, no entanto, historicamente crítico em relação ao FMI, as tensões parlamentares se elevaram, pois a legenda se opõe ao fechamento do acordo, considerando que a renegociação levará a ajustes econômicos.
Setores sociais, sindicalistas e grupos de trabalhadores também rejeitem a medida, exigindo melhorias no salário mínimo e nas garantias trabalhistas.
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Acordo de renegociação da dívida com a entidade financeira foi proposto por Alberto Fernández
O novo acordo foi idealizado pelo ministro da Economia, Martín Guzmán, e pela equipe da organização com o objetivo principal de ajustar as altas na inflação, fortalecendo a moeda local e combatendo a dolarização da economia.
Paralelamente à assinatura do acordo com o FMI, o governo avança no fechamento de outras frentes. Esta semana, o ministro da Economia negociou novas condições com o Clube de Paris para finalizar a liquidação da dívida da Argentina com este grupo de credores.
Em janeiro, quando Fernández anunciou o acordo, o mandatário disse que era preciso crescer para poder pagar a dívida porque “não há outra maneira possível''. “Tínhamos uma dívida impagável que nos deixou sem presente nem futuro e agora temos um acordo razoável que nos permitirá crescer e cumprir nossas obrigações através do nosso crescimento”, comentou.
A dívida argentina com o FMI foi adquirida em junho de 2018, durante o governo Macri. O acordo inicial previa um empréstimo de US$57 bilhões (cerca de R$308 bilhões), mas os últimos US$12 bilhões não foram entregues, devido a que Fernández, já como presidente-eleito, evitou seu repasse.
Para ele, sem este entendimento com a instituição financeira, as possibilidades comerciais, econômicas e financeiras de que a Argentina necessita seriam seriamente limitadas.
É um acordo, disse o presidente na ocasião, que “podemos agir exercendo a nossa soberania e levar a cabo as nossas políticas de crescimento, desenvolvimento e justiça social”.
O mandatário ainda afirmou que é a “hora de nos unirmos nas soluções e não nos dividirmos nos problemas”, destacando também que “a história vai julgar quem fez o quê, quem eu acredito que seja um problema e quem o resolveu”.
(*) Com Telesur.