Terminou nesta sexta-feira (20/8), em Buenos Aires, a 16º edição do Foro de São Paulo que reuniu 54 organizações, provenientes de 33 países. O documento final do evento, lido nesta tarde, apresenta as propostas, definidas pelos 600 delegados, acerca dos principais conflitos da América Latina. A principal delas é a proposta de plano de paz para o conflito do governo colombiano com as FARC (Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia), um dos assuntos mais abordados durante os quatro dias de debates.
O plano se fundamentaria em uma “saída política negociada e justa”, com “imediata liberação de todas as pessoas privadas da sua liberdade por motivo político”, suspensão das hostilidades, agenda humanitária e negociação com mediação interna. “O Foro de São Paulo se compromete a impulsionar uma ação decidida com os governos e movimentos sociais da região. Em particular, procurará que a Unasul (União das Nações da América do Sul) cumpra um papel de facilitação ou de mediação”.
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A declaração final igualmente enaltece as mudanças políticas na América Latina e o papel dos governos liderados por partidos de esquerda. “Desde 1998 estamos construindo mais democracia e mais qualidade de vida para as maiorias populares antes excluídas assim como mais soberania nacional e integração continental”, registra o texto. A Aliança Bolivariana para os Povos da América Latina (Alba), a União de Nações Sul-Americanas (Unasur) e a Comunidade de Estados Latino-Americanos e Caribenhos (Celac) foram apontados como instrumentos da unidade regional.
As organizações presentes igualmente votaram por um diagnóstico que identifica “na crise do capitalismo neoliberal e na deterioração da hegemonia norte-americana” o pano de fundo para os recentes avanços da esquerda. “A crise do capitalismo é profunda e ainda não está superada”, salienta a declaração final. “Como resultado disto e também de nosso trabalho, o Estados, os interesses nacionais, a solidariedade, a integração regional e o socialismo se fortalecem como alternativas de sociedade diante dos descalabros do modelo de sociedade de mercado.”
Política regional
O documento também aborda outras problemáticas locais, chamando ao debate e à formulação de idéias e propostas para a construção de uma política regional integral antidrogas, convocando a solidariedade internacional para a situação do Haiti e à reclamação argentina acerca da desmilitarização das Ilhas Malvinas, Geórgia do Sul e Sandwich do Sul, ocupadas pela Grã Bretanha desde o século XIX.
Entre as preocupações destacadas em referência à Malvinas, está a instalação da base Aérea de Mount Pleasant na Ilha Soledad (também conhecida como Malvina Oriental), o que consideram “um perigo a todos os povos e países da região e contradiz abertamente a resolução da ONU (Organização das Nações Unidas) que exige fazer do Atlântico Sul um oceano de paz e cooperação”. O documento também rechaça “o conflito das potências imperialistas contra o Irã e outros países ameaçados pelos Estados Unidos e pela OTAN.
A declaração elogia o Acordo de Teerã – entre o Brasil, Turquia e Irã, “em defesa do direito, consagrado pelas normas internacionais, de domínio da tecnologia para a produção de energia nuclear com fins pacíficos por parte de países em desenvolvimento”.
Ontem, representantes do Foro compareceram a uma cerimônia com a presidente argentina, Cristina Kirchner, e outras autoridades do governo local. Na tarde de hoje, o grupo se reuniu com o secretário geral da Unasul, Néstor Kirchner.
Também foi decidido que o 17º Encontro será realizado em Manágua, capital da Nicarágua, em agosto do próximo ano.
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