Após o fim da Segunda Guerra Mundial, em 1949, quando Mao Tsé-Tung, líder da Revolução Chinesa, anunciou a fundação da República Popular da China (PRC, na sigla em inglês) com a vitória comunista na Guerra Civil, os partidários do derrotado Chiang Kai-shek, membro do Partido Nacionalista Chinês, o Kuomintang, se isolaram na província de Taiwan.
A ilha com cerca de 23 milhões de habitantes é governada pelo antigo regime chinês da República da China (ROC, na sigla em inglês). A partir de 1971, no entanto, a Organização das Nações Unidas (ONU), passou a reconhecer o governo da PRC como o único legítimo de toda China, sendo Taiwan parte dele, e o regime da ROC como um regime rebelde.
O princípio de Uma só China passou a perdurar nos tratados e acordos internacionais, inclusive naqueles estabelecidos entre Estados Unidos e China, reconhecendo a soberania chinesa sobre Taiwan.
Ainda assim, o país norte-americano é apontado como um dos principais financiadores do governo rebelde de Taiwan, treinando e armando tropas na província, e consequentemente impedindo a reunificação chinesa.
Em março deste ano, em uma tentativa de esfriar as tensões, os presidentes da China e dos EUA, Xi Jinping e Joe Biden, respectivamente, conversaram por telefone, ocasião em que o mandatário norte-americano reafirmou o compromisso com o princípio de soberania chinesa.
Em maio, entretanto, Biden chegou a afirmar que estaria disposto a usar a força para defender Taiwan de uma possível ‘agressão chinesa’.
O presidente Xi Jinping, em outras ocasiões, também já afirmou que não medirá esforços, inclusive bélicos se necessários, para manter o território ligado a Pequim. No entanto, revelações da mídia norte-americana indicaram que há três unidades militares norte-americanas prestando treinamento para soldados locais.
Ainda neste 2 de agosto, apesar de advertências chinesas, a presidente da Câmara dos Representantes dos Estados Unidos, Nancy Pelosi, aterrissou no território de Taiwan por volta das 23h (12h, em Brasília).
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Ilha com cerca de 23 milhões de habitantes é governada pelo antigo regime chinês da República da China
“A visita de nossa delegação do Congresso a Taiwan honra o compromisso inabalável dos Estados Unidos de apoiar a vibrante democracia de Taiwan”, disse Pelosi em comunicado.
Esta é a primeira vez nos últimos 25 anos que um político norte-americano de alto escalão visita a ilha, uma atitude que eleva a tensão entre norte-americanos e chineses, já que Pequim considera Taiwan parte do território, sob o princípio de uma só China.
Relações Taiwan e China
A situação entre Taiwan e China vem se agravando desde o governo de Donald Trump e segue com Joe Biden. Os norte-americanos estão cada vez mais próximos ao governo do território, que Pequim considera como rebelde, mas ainda parte da “China Única”.
A tensão envolve outros países da região Ásia-Pacífico, como Austrália e Japão. A Austrália, por exemplo, compõe a aliança militar AUKUS, junto com EUA e Reino Unido, que visa combater o expansionismo chinês no Indo-Pacífico. O país tem se tornado o maior parceiro militar do Japão depois dos EUA.
O Japão, por sua vez, está em uma escalada militarista sem precedentes no pós-segunda guerra. Em junho deste ano, o primeiro-ministro Fumio Kishida anunciou que o orçamento militar será fixado em 2% do PIB, o que fará saltar da oitava para a terceira posição entre os maiores gastos militares do planeta.
Com o assassinato do ex-primeiro ministro japonês, Shinzo Abe, e a conquista de ampla maioria por parte dos aliados do partido de Kishida em julho de 2022, especula-se que muito em breve o Japão irá remover o status pacifista da sua constituição.
A mudança constitucional é almejada há décadas por membros da seita restauracionista imperial, Nippon Kaigi, da qual proeminentes figuras da política japonesa fazem parte, como era o caso de Shinzo Abe e de Fumio Kishida.
(*) Com Agência Brasil China.