O governo autoproclamado da Bolívia anunciou a criação de um “instrumento especial” para perseguir e prender partidários do Movimento ao Socialismo (MAS), agremiação de Evo Morales, que, supostamente, “cometam atos subversivos e sedição”. O governo não deixou claro, no entanto, o que quer dizer com “subversão e sedição”.
O ministro do Interior do governo autoproclamado de Jeanine Áñez, Arturo Murillo, afirmou que as prisões serão iniciadas nesta segunda-feira (18/11). “A partir de segunda-feira vou ordenar, e já tenho listas que estão sendo passadas por líderes de várias zonas, vão começar a detê-los com ordens fiscais”, declarou. “Há senadores e senadoras, deputados e deputados, nem todos, alguns deles, alguns deles, que vou começar a publicar seus nomes, que estão fazendo subversão”, disse.
Ele também afirmou que tanto “os líderes como os próprios cidadãos” repassam informações sobre as pessoas que “estariam cometendo rebelião contra o atual governo interino”.
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O presidente deposto Evo Morales, que está asilado no México, reagiu no Twitter: “No lugar da pacificação, ordenam a difamação e a repressão contra os irmãos do campo que denunciam o golpe de Estado. Depois de massacrar 24 indígenas, estão agora preparando um Estado de Sítio. Seria a confirmação de que, ao pedir democracia, instalaram uma ditadura”, afirmou.
ABI
Arturo Murillo: "Há senadores e senadoras, deputados e deputados, nem todos, alguns deles, que vou começar a publicar seus nomes’
Já na semana passada, quando “assumiu” o ministério, Murillo afirmou que o novo Executivo do país sul-americano ia “à caça” de Juan Ramón Quintana, ministro da Presidência durante o governo, e de Raúl García Linera, irmão do ex-presidente Álvaro García Linera, exilado no México.
“Que comecem a correr, vamos apanhá-los. Não vamos permitir que ninguém mais continue fazendo sedição no país”, declarou minutos depois de tomar posse.
Repressão militar
Na sexta-feira (15/11), o governo autoproclamado assinou um decreto que autoriza os militares a usar “todos os meios disponíveis” para controlar as manifestações e isenta de “responsabilidade criminal o pessoal das Forças Armadas bolivianas que participam de operações para restaurar e estabilizar a ordem interna”.
A Comissão Interamericana de Direitos Humanos (CIDH) denunciou no sábado (16/11) a emissão do mesmo como “grave”.
De acordo com estimativas da CIDH, um total de 23 pessoas foram assassinadas e 715 feridas desde 20 de outubro, dia das eleições na Bolívia, 20 delas desde a renúncia de Morales.
(*) Com Sputnik