A FAB (Força Aérea Brasileira) informou hoje (4) que não recebeu nenhum comunicado oficial do governo brasileiro quanto ao vencedor do processo de seleção para a compra de novos caças para o país. Em nota, a corporação negou informação divulgada pelo jornal Folha de S.Paulo de que o Brasil teria decidido adquirir o modelo francês Rafale, da empresa Dassult, que disputa a concorrência para a venda dos aviões com uma fabricante sueca e outra norte-americana.
O ministro das Relações Exteriores, Celso Amorim, também negou a informação de que a França teria vencido a disputa. Segundo ele, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva ainda não se decidiu sobre o processo de seleção, porque aguarda um relatório que será encaminhado pelo Ministério da Defesa, ainda sem data prevista. Uma vez tomada a decisão, a mesma deverá ser submetida ao Conselho de Defesa Nacional.
Mais tarde, o ministro da Defesa, Nelson Jobim, também negou a informação. “Não há nada definido. O processo está em andamento. A notícia não tem fundamento”, declarou o ministro em entrevista coletiva, sem fazer mais comentários.
Segundo a reportagem da Folha, o caça Rafale continuaria com preço superior às demais ofertas. A empresa francesa reduziu de 8,2 bilhões de dólares (15,1 bilhões de reais) para 6,2 bilhões de dólares (11,4 bilhões de reais) o valor, enquanto a proposta sueca foi de 4,5 bilhões de dólares, e a dos Estados Unidos de 5,7 bilhões de dólares.
Histórico da negociação
Em setembro de 2009, Lula e o presidente da França, Nicolas Sarkozy, emitiram comunicado conjunto em que anunciavam a intenção da parte do governo brasileiro de entrar em negociação para aquisição de 36 caças Rafale. Uma licitação para a aquisição dos caças pelo Brasil estava na fase final. Os dois presidentes também assinaram acordos para o desenvolvimento compartilhado de submarinos e helicópteros.
À época, para convencer o Brasil, a França aceitou em sua oferta uma transferência tecnológica considerada sem precedentes por Paris. Apesar do comunicado, nenhuma outra proposta havia sido oficialmente excluída da concorrência.
Em janeiro de 2010, Lula disse que a escolha dos caças não era uma questão comercial comum e que leva em conta outros fatores além do custo das aeronaves. Ele disse, ainda, que se mantinha calado sobre essa questão. “O único que ficou em silêncio até agora fui eu. E fiquei em silêncio porque sou eu que tenho o poder de decidir. E quem tem o poder de decidir tem mais responsabilidade, não fala o que quer, fala o que pode”, disse o presidente.
Em entrevista ao Opera Mundi em janeiro, o assessor especial para assuntos internacionais da presidência, Marco Aurélio Garcia, disse que a escolha dos caças também era baseada em uma decisão política. “Não se trata de ir um shopping e comprar um helicóptero, um submarino. A decisão é conseqüência de uma estratégia, que tem como objetivo principal construir uma indústria de defesa nacional”, afirmou à época.
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*Com agências
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