O governo argentino denunciou nesta segunda-feira (12/07) o ex-presidente Mauricio Macri e outros funcionários de seu mandato pelo envio de “material repressivo” à Bolívia em novembro de 2019, ocasião do golpe de Estado que culminou na renúncia de Evo Morales.
A denúncia é assinada pela ministra da Segurança, Sabina Frederic; a administradora da Receita Pública Federal, Mercedes Marcó del Pont; e o ministro da Justiça e Direitos Humanos da Nação, Martín Soria.
Segundo o texto apresentando, os signatários denunciam o “embarque ilegal de armas e munições para a Bolívia perpetrado em 12 de novembro de 2019 pelo governo nacional chefiado pelo ex-presidente Mauricio Macri, com a participação de altas autoridades do Poder Executivo Nacional”.
O documento aponta ainda que o fato consistiu um “envio irregular de armamentos e munições” com o objetivo de “colocar esse material repressivo à disposição da ditadura que recém havia tomado o poder no país vizinho, encabeçada por Jeanine Áñez”.
“Se observa a possível comissão dos delitos de contrabando agravado pela quantidade de pessoas envolvidas, pela qualidade de funcionários públicos, pela participação de um colaborador do serviço aduaneiro, e por tratar de ser armas e munições de guerra”, diz a denúncia.
Alberto Fernández, atual presidente da Argentina, se desculpou, em nome do povo de seu país, pelo papel desempenhado pelo governo de seu antecessor no golpe contra o então reeleito presidente boliviano Morales.
Fernández considerou que a “colaboração” de Mauricio Macri com as forças militares bolivianas que realizaram o golpe de 2019 acabou dando autoridade a Áñez como governante de fato.
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Bolívia denunciou que então presidente argentino, de direita, forneceu armamentos a repressores após golpe que derrubou Morale
O mandatário argentino enviou uma carta na noite de quinta-feira (08/07) ao atual presidente da Bolívia, Luis Arce, para lamentar o fato, e expressou sua “dor e vergonha” frente à denúncia de La Paz.
De acordo com os denunciantes, a entrega desses suprimentos militares “tinha como objetivo encobrir a necessidade de proteger a embaixada argentina” na Bolívia, mas a “gravidade institucional do acontecimento se consolida ao constatar que o material enviado teve como destino final as Forças Armadas” do país vizinho.
Os signatários recordam ainda que as Forças Armadas da Bolívia cometeram violações de direitos humanos no país, entre eles os massacres em Sacaba e Senkata.
“Não se trata de qualquer tipo de contrabando, mas sim de um que visava reforçar a capacidade de ação das Forças Armadas que se rebelaram contra um governo constitucional e contra o povo boliviano. Um fim que as autoridades nacionais não podiam ignorar: enviaram munições e material repressivo sabendo que seriam usados contra a população da Bolívia forças sediciosas”, enfatizaram.
Assim como está ocorrendo no país, o governo da Argentina considera que a Bolívia também deve ativar uma investigação para identificar e estabelecer responsabilidades sobre aqueles que estiveram por trás do envio e da chegada do material ao país.
Em novembro de 2019, após ter vencido as eleições, o presidente Evo Morales, do Movimento pelo Socialismo (MAS), foi forçado a deixar seu cargo pela direção das Forças Armadas, após pressões da Organização dos Estados Americanos e da cumplicidade da Direita. governos da região, como Brasil, Argentina, Chile e Peru.
(*) Com Télam e Telesur.