O governo do Uruguai anunciou nesta segunda-feira (19/06) a decisão de decretar emergência hídrica na capital Montevidéu e toda sua região metropolitana, ambas afetadas por uma das secas mais prolongadas da história do país, que já dura cerca de sete meses.
Segundo o presidente uruguaio Luis Lacalle Pou, o governo criará um gabinete especial para lidar com a crise, o qual contará com os ministros de Saúde, Planejamento, Economia, Obras Públicas, Meio Ambiente e Defesa Nacional. Entre as medidas anunciadas está a diminuição do valor das taxas de água na região afetada, a partir de julho.
“Vamos manter a população informada sobre a qualidade da água e dos dias em que o abastecimento poderia manter certo nível de normalidade”, afirmou o mandatário, em uma entrevista coletiva após a reunião com os ministros do gabinete especial.
A questão da qualidade da água foi o principal questionamento da imprensa local durante a coletiva, já que um dos elementos da crise foi a divulgação de um informe do Departamento de Obras Sanitárias do Estado (OSE, por sua sigla em espanhol), afirmando que haveria um aumento dos níveis de cloro e de sódio a partir do mês de junho – um dos ministros chegou a dizer, durante a coletiva, que as pessoas deveriam evitar salgar a comida, devido ao aumento de sódio, o que gerou uma série de memes ironizando a situação.
Segundo o jornal uruguaio La Diaria, os Ministério da Saúde ficará responsável por emitir um informe sobre a quantidade de água que cada cidadão deve consumir de acordo com a qualidade do que está chegando às torneiras das casas.
Lacalle Pou também afirmou que o governo acelerará as obras de uma represa que está sendo construída no rio San José, para que parte dela esteja funcionando já no segundo semestre, o que, segundo o mandatário, deveria melhorar os níveis dos reservatórios que abastecem a região metropolitana de Montevidéu.
Presidência do Uruguai
Presidente Lacalle Pou garantiu que não haverá racionamento de água no Uruguai, apesar da emergência hídrica decretada esta semana
Segundo boa parte da comunidade científica, a seca no Uruguai é um fenômeno que está ligado às mudanças climáticas do planeta, e também tem afetado regiões do Sul do Brasil e uma grande parte do território da Argentina, país que enfrenta uma grave crise econômica em função dessa situação.
Reação da Frente Ampla
Apesar de o governo ter descartado [por enquanto] a possibilidade de racionamento do consumo, a opositora Frente Ampla de esquerda questionou especialmente esse dado, lembrando que também havia sido descartado, semanas atrás, o cenário de emergência hídrica, que acabou sendo decretado esta semana.
O engenheiro Edgardo Ortuño, militante da Frente Ampla e um dos diretores da OSE, disse ao La Diaria que “o governo finalmente assumiu a gravidade da situação, mas precisa admitir que falhou nas medidas de apoio à população”.
A Frente Ampla anunciou que defenderá um projeto para isentar a população da cobrança de taxas enquanto estiver sendo fornecida água de qualidade inferior. “Não é justo cobrar das pessoas por um serviço assim. Não houve um plano de contingência para garantir acesso à água engarrafada, tampouco um aumento dos recursos à OSE para que esta possa ter mais funcionários e assim ativar medidas de segurança e reduzir as perdas de água”, criticou Ortuño.
Através de um comunicado, a Frente Ampla manifestou críticas ao presidente, dizendo que “é preocupante a falta de amplitude de visão [de Lacalle Pou] para enfrentar uma crise de nível nacional, na qual deveriam ser convocados todos os atores institucionais, sociais e políticos em busca de acordos, inclusive com a oposição. Concordamos com a redução do imposto, mas não entendemos porque a emergência hídrica não foi declarada antes”.
Com informações do La Diaria e TeleSur