A primeira rodada de negociações entre o governo da Venezuela e oposição, mediada no México, terminou nesta segunda-feira (06/09) com a assinatura de dois acordos parciais.
O primeiro deles se refere à defesa do território do Esequibo, região que está em disputa há mais de 100 anos com a Guiana. O segundo dos acordos está relacionado à proteção social dos venezuelanos, buscando a liberação de fundos públicos bloqueados no exterior.
Jorge Rodríguez, presidente da Assembleia Nacional e representante do governo, afirmou que os resultados desta primeira rodada de negociações vai “beneficiar” todos os venezuelanos, considerando ser “positivo” o memorando de entendimento entre as duas partes.
“Esta é uma ótima oportunidade para que o povo venezuelano recupere seu direito à liberdade econômica, ao caminho constitucional, do qual ninguém jamais deveria ter saído”, declarou Rodríguez.
O presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, disse estar de acordo com os resultados desta rodada, afirmando que o governo sentou com a oposição “para falar de temas importantes para o país”.
Maduro qualificou o diálogo alcançado no México como “um sucesso para os venezuelanos” e agradeceu ao governo de Andrés Manuel Lopez Obrador pela mediação.
“Estou de acordo! Sentamos com a oposição para conversar sobre questões importantes para o país. O diálogo pela paz e recuperação é um sucesso para os venezuelanos. Todos os nossos agradecimentos ao governo e ao povo do México”, disse.
Pelo lado opositor, o chefe da delegação, Gerardo Blyde, também destacou que a mesa de diálogo deve ser entendida como uma conquista dos venezuelanos. “Somente com o resgate da institucionalidade democrática poderemos resolver os imensos problemas econômicos que vive nossa pátria”, declarou o ex-prefeito do município de Baruta.
Reprodução/ @Asamblea_Ven
Representante do governo Maduro, Jorge Rodríguez disse que acordos parciais vão ‘beneficiar’ todos os venezuelanos
Os dois acordos parciais assinados foram uma proposta da delegação do governo. No documento relacionado ao território do Esequibo, ambas partes acordam apelar ao governo da Guiana que retome as negociações com representantes do Estado venezuelano.
Já o segundo pacto prevê que cada delegação irá indicar dois representantes para avaliar os danos causados pelas medidas coercitivas unilaterais impostas pelos Estados Unidos e União Europeia nos últimos seis anos. Assim como três representantes para conformar a Mesa Nacional de Atenção Social para atender as áreas a saúde e alimentação dos venezuelanos.
O setor opositor representado por Juan Guaidó e o governo de Nicolás Maduro já haviam assinado um acordo, em junho de 2020, para criar um fundo de combate à pandemia, que seria alimentado com os ativos líquidos da Venezuela depositados em bancos estrangeiros, estimados em US$ 7 bilhões (cerca de R$ 35 bilhões), e administrado pela Organização Pan-Americana da Saúde (Opas), mas na prática, a iniciativa nunca se estabeleceu.
Em junho deste ano, os Estados Unidos suspenderam as sanções vinculadas à compra de vacinas e outros produtos relacionados à crise sanitária.
Entre os sete pontos acordados para as negociações, o governo espera alcançar o quanto antes o fim do bloqueio, enquanto a oposição insiste em um cronograma eleitoral para eleições presidenciais e parlamentares.
A próxima rodada de negociação acontecerá no dias 24 a 27 de setembro, na Cidade do México. Além de iniciar as negociações, a extrema direita venezuelana também decidiu participar das eleições regionais de 21 de novembro, depois de quase seis anos boicotando os processos eleitorais.
(*) Com Brasil de Fato e VTV.