O presidente do BCE (Banco Central Europeu), Mario Draghi, defendeu nesta segunda-feira (16/01) que governos e mercados financeiros precisam “aprender a funcionar sem dar tanta importância às avaliações” das agências de classificação de risco. “Reguladores, investidores e banco têm de ser mais independentes dessas avaliações. Essa é a atitude que o BCE tem assumido nos últimos anos”, disse Draghi, em discurso no Parlamento Europeu.
A declaração vem dias depois de agência Standard & Poor’s rebaixar a nota da dívida soberana de nove países da Zona do Euro, incluindo França, Itália e Espanha. As autoridades europeias estão em pé de guerra com as agências de rating desde o ano passado, quando começou a crise desconfiança sobre a solidez das contas públicas dos países da região.
Efe
Presidente do BCE criticou dependência absoluta às avaliações da agências de rating
A crítica do presidente do BCE foi seguida por líderes de diversos países, como a França. O presidente Nicolas Sarkozy voltou a minimizar o rebaixamento da nota país, dizendo que não serão as agências de rating que ditarão as políticas econômicas. Nesta segunda, a França deu uma demonstração de que ainda tem a confiança do mercado, ao conseguir vender títulos de sua dívida no curto prazo com taxas baixas.
Por outro lado, Draghi advertiu para o agravamento da crise da dívida na zona do euro e classificou a situação como “muito grave”. Ele lembrou que a crise já havia sido qualificada em outubro como “sistêmica” pelo seu antecessor no cargo, Jean-Claude Trichet, mas ressaltou que a situação se agravou desde então. “A situação piorou mais. Estamos em uma situação muito grave e não devemos ignorar este fato”, afirmou Draghi, que pediu à zona do euro que aja com rapidez e com boa coordenação.
Na sequência, o presidente do BCE procurou acalmar os mercados, ao dizer que já vê sinais de estabilização da atividade econômica da zona do euro. Ele acredita que a injeção de liquidez a três anos já teve efeitos positivos na economia.
Na entrevista coletiva concedida após a reunião na qual o Conselho do BCE decidiu por unanimidade manter as taxas de juros em 1%, Draghi disse que as tensões nos mercados financeiros põem obstáculos à atividade econômica na zona do euro, mas “de acordo com alguns indicadores recentes há sinais provisórios de uma estabilização”.
Draghi deu a entender que o BCE vai seguir comprando dívida soberana dos países da zona do euro que têm dificuldades de refinanciamento, apesar do êxito da injeção de liquidez a três anos.
O objetivo do BCE é que todos os bancos do bloco tenham acesso aos recursos e concedam créditos às empresas e às famílias.
Alguns analistas consideram que o BCE vai adotar no futuro uma linha mais pragmática e não tão dogmática como a observada até agora, influenciada pelo peso de alguns setores na Alemanha, mais favoráveis a uma política monetária ortodoxa.
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