A polícia grega efetuou uma busca na estação de Lárissa na sexta-feira (03/03) como parte da investigação sobre as causas da colisão mortal entre dois trens na noite de terça-feira, que deve dar origem a uma nova manifestação no terceiro dia de luto observado no país.
Os gregos, traumatizados pelo desastre que matou 57 pessoas, incluindo muitos estudantes, exigem que as autoridades assumam a responsabilidade.
A população de todo o país foi convocada a uma manifestação silenciosa na noite desta sexta-feira, com o tema “Choramos nossos mortos, pedimos a verdade”.
Os ferroviários também foram convocados a parar nesta sexta-feira, pelo segundo dia consecutivo. A confederação dos sindicatos ferroviários denuncia “o desrespeito demonstrada pelos governos ao longo do tempo para com as ferrovias gregas, o que conduziu” a esse drama.
Investigações
“A operação segue em curso e é parte da investigação. A polícia apreendeu todos os documentos que podem ajudar na investigação”, disse um porta-voz da força de segurança.
Uma fonte judicial afirmou à AFP que as investigações pretendem determinar responsabilidades criminais, “se necessário”, de integrantes da diretoria da Hellenic Train Company, a companhia ferroviária grega, que pertence à estatal italiana Ferrovie Dello Stato Italiano (FS).
PAME Greece International/Twitter
População de todo o país foi convocada a uma manifestação silenciosa na noite desta sexta-feira (03/03)
Ela confirmou que “arquivos de áudio, documentos e outras evidências que poderiam ajudar a esclarecer o caso e atribuir responsabilidades criminais foram apreendidos” na delegacia de Lárissa, cidade mais próxima do local da colisão.
A fúria dos gregos não parece cessar, apesar do mea culpa do governo sobre as falhas “crônicas” da rede ferroviária que levaram à tragédia, uma das mais graves que a Grécia já conheceu.
Nas redes sociais, corre a imagem da bandeira grega com listras brancas rompidas como vagões desmembrados, exibida em um fundo preto.
Tragédia
“Vivemos uma tragédia indescritível, lamentamos a perda injusta de dezenas de pessoas, principalmente jovens, pedimos a verdade”, pode ler-se no apelo à manifestação silenciosa nesta sexta-feira.
A justiça tenta compreender por que um trem com 342 passageiros e 10 trabalhadores foi autorizado a seguir no mesmo trilho que um trem de carga.
Os trens percorreram vários quilômetros no mesmo trilho ligando Atenas a Tessalônica (norte), as duas maiores cidades do país, antes de colidirem frontalmente na terça-feira, pouco antes da meia-noite.
“Por que a Grécia só aprende lições depois das tragédias?”, pergunta a primeira página do jornal de esquerda Ta Nea, desta sexta-feira.
No inquérito, o chefe da estação, de 59 anos, processado por “homicídio culposo” e “lesão corporal”, admitiu seu “erro”. Ele enfrenta prisão perpétua se sua culpa for constatada.