As delegações dos países da União Europeia e da Comunidade de Estados Latino-Americanos e Caribenhos (Celac) ainda negociam o texto conclusivo da cúpula entre os dois blocos, que acontece entre esta segunda-feira (17/07) e a próxima terça-feira (18/07), em Bruxelas.
“Ainda não tenho certeza sobre como [o documento] será formulado”, declarou Ralph Gonsalves, premiê de São Vicente e Granadinas, que ocupa a presidência rotativa da Celac.
Um dos entraves é a abordagem sobre a guerra na Ucrânia. Enquanto a UE apoia Kiev financeiramente e militarmente, países latino-americanos e caribenhos pregam neutralidade no conflito.
“Precisamos encontrar uma linguagem de consenso que englobe todo mundo e recorrer a uma diplomacia madura para resolver essa horrível tragédia na Ucrânia”, destacou Gonsalves.
A neutralidade dos países caribenhos e latino-americanos pressionou para que o presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, não estivesse presente na reunião bilateral.
Para Gonsalves, o eventual comparecimento do ucraniano na cúpula “não ajudaria” os atuais impasses que as delegações enfrentam.
Por sua vez, segundo a agência de notícias italiana Ansa, uma fonte argentina afirmou que “a Ucrânia não faz parte da UE ou da Celac” e destacou que “a questão da guerra em Kiev, para vários membros da Celac, não tem nada a ver com as questões a serem avaliadas na cúpula de Bruxelas”.
Twitter/Володимир Зеленський
União Europeia apoia Kiev financeiramente e militarmente em guerra contra Rússia
Bruxelas destacou que esta é a primeira cúpula com a Celac em oito anos e que ambas as regiões estão alinhadas, mas também afirmou que a guerra na Ucrânia causou “insegurança alimentar e aumento da inflação” e que “tudo isso provavelmente será discutido na cúpula”, então a presença de Zelensky faria sentido.
No entanto, a imprensa de Buenos Aires afirmou que as pressões da Venezuela, Nicarágua e Cuba, países alinhados à Rússia, foram decisivas para excluí-lo.
Corrida armamentista prejudica clima
O presidente do Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva, afirmou também nesta segunda-feira (17/07), em Bruxelas, que a corrida armamentista provocada pela guerra na Ucrânia prejudica a luta contra a crise climática.
O petista discursou na sessão de abertura do fórum empresarial União Europeia-América Latina e não citou Ucrânia ou Rússia nominalmente, mas disse que “a guerra no coração da Europa lança sobre o mundo o manto da incerteza e canaliza para fins bélicos recursos até então essenciais para a economia e programas sociais”.
“A corrida armamentista dificulta ainda mais o enfrentamento da mudança do clima”, ressaltou.
(*) Com Ansa