Disputas fronteiriças permanentes e agitação política no Irã levaram o presidente do Iraque, Saddam Hussein a lançar em 22 de setembro de 1980 uma invasão da província iraniana do Khuzestão, fértil em petróleo. Após progressos iniciais, a ofensiva iraquiana foi reprimida. Em 1982, o Iraque recuou voluntariamente e buscou um acordo de paz, todavia o aiatolá Khomeini recusou e permaneceu em combate. O impasse no campo de batalha e a morte de dezenas de milhares de jovens conscritos iranianos no Iraque prosseguia. Os centros populacionais de ambos os países eram bombardeados e o Iraque passou a empregar armas químicas. No Golfo Pérsico, uma “Guerra de Navios Petroleiros” reduziam drasticamente a navegação pelo estreito de Ormuz e faziam aumentar o preço do petróleo. Em 1988, o Irã finalmente concordou com um cessar-fogo.
Os dois países entraram em guerra por questões territoriais. Saddam Hussein queria ampliar seu território e conseguir aumentar os seus recursos provenientes da extração de petróleo. Se tivesse êxito, o Iraque chegaria ao segundo ou ao primeiro lugar na exportação de óleo, superando a Arábia Saudita.
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A localização da província de Khuzestão no mapa do Irã. A região faz fronteira com Iraque
A par desse desejo de conquista, como pano de fundo estava presente a Guerra Fria entre os Estados Unidos e a União Soviética. Washington se posicionou em favor do Iraque visto que a república dos aiatolás, por razões históricas, políticas e econômicas, se constituía em barreira à aos interesses norte-americanos. Isto levou a União Soviética, quase que automaticamente, a se colocar em favor de Khomeini.
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Com o objetivo de causar destruição para finalmente derrocar o governo dos aiatolás, os Estados Unidos passaram a fornecer um avultado apoio bélico que se traduziu em fornecimento de armas modernas, artilharia pesada, mísseis portáteis, aviões e helicópteros e armamento individual. O Irã, de seu lado, tentou fazer o mesmo, apoiando-se no fornecimento de Moscou e de outras fontes.
A consolidação do governo do aitaolá Khomeini representou uma ameaça aos interesses políticos e econômicos dos Estados Unidos na região. Tal oposição se iniciou quando, o governo iraniano decidiu cortar suas relações diplomáticas e econômicas com os Estados Unidos. Com isso, Washington perdia um de seus mais importantes aliados e fornecedores de petróleo.
Diante do impasse, os EUA passaram a estreitar relações com o Iraque visando a deflagração de uma guerra que pudesse derrubar o regime islâmico iraniano. Na época, Saddam Hussein usou de uma injustificada disputa pelo controle do canal de Chatt-el-Arab, por onde ambos os países realizavam o escoamento de seus produtos. Ante a negativa iraniana em ceder os territórios, Saddam decidiu invadir o espaço iraniano e destruir uma das maiores refinarias do mu ndo.
Enquanto os iranianos realizavam ataques contra a ação intervencionista do regime de Saddam Hussein, os EUA e outras nações árabes de orientação sunita apoiaram militarmente as forças iraquianas. Nesse meio tempo, a minoria curda que vivia no Iraque aproveitou do período instável para guerrear contra o ditador Saddam Hussein na esperança de estabelecer um governo independente na região. O reforço bélico estrangeiro serviu para promover o genocídio dessa minoria étnica.
A deflagração desse conflito paralelo permitiu aos iranianos resistir durante oito anos. O prolongamento dos combates acabou desgastando os dois lados do conflito e seguindo a orientação da ONU, assinaram um cessar-fogo que preservou os mesmos limites territoriais anteriores à guerra. Mais de 700 mil vidas foram ceifadas inutilmente: manteve-se o status quo anterior.
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