Em 8 de março de 1500, no comando de uma armada de 13 navios e de 1500 homens, o navegador português Pedro Álvares Cabral zarpa de Lisboa em direção sudeste. Os portugueses sabem que esta rota conduziu os espanhóis às novas terras das Índias Ocidentais. No dia 22 de abril Cabral e seus homens avistam a terra. Em 23 de abril desembarcam na embocadura do rio Cahy sobre uma terra que ele batisaria de Terra de Vera Cruz. Após deixarem o local em direção à Índia, Cabral, na incerteza se a terra descoberta se tratava de um continente ou de uma grande ilha, alterou o nome para Ilha de Vera Cruz. Após exploração realizada por outras expedições portuguesas, viram que era realmente um continente. Com a descoberta do pau-brasil, madeira de coloração de uma brasa acesa, o país passou a ser chamado pelo nome que conhecemos hoje: Brasil.
O descobrimento do Brasil ocorreu no período das grandes navegações, quando Portugal e Espanha exploravam o oceano em busca de novas terras. Poucos anos antes da descoberta do Brasil, em 1492, Cristóvão Colombo, navegando em nome dos reis católicos de Espanha, chegou à América, fato que ampliou as expectativas dos exploradores. Dom João II já havia dado a Cabral recompensa por bons serviços militares prestados à Coroa. Agora D. Manuel I confia-lhe o comando da segunda expedição à Índia. Teria de lançar a primeira pedra do império lusitano do Oriente. A 8 de Março fazem-se ao largo. Antes, El-Rei D. Manuel contara-lhe da existência de terra frente à África e a ocidente do Mar Oceano. Que a descobrisse, se pudesse. Talvez por isso Dom João II tenha insistido em transferir o meridiano divisor do Tratado de Tordesilhas de 100 para 370 léguas a oeste de Cabo Verde.
Na armada, entre outros seguiram Pero Vaz de Caminha, cronista d'El-Rei e Bartolomeu Dias, o primeiro a dobrar o Cabo da Boa Esperança. Primeira maldição: nas águas de Cabo Verde desaparece uma das naus. Frente à Guiné recebem o barlavento. Tocadas por sudeste, as naus são empurradas para ocidente. Girará depois o vento para sudoeste e tornará a armada à costa d'África, porém em latitudes bem mais ao sul. Abaixo do Equador descreverá assim um amplo arco de círculo no Mar Oceano.
Em 21 de abril, uma terça-feira, surgem ervas compridas nas ondas. Na manhã de 22 de abril, aparecem bandos de pássaros a voar para ocidente. A meio da tarde, muito ao longe, avistam terra: um monte redondo e alto, muito arvoredo na terra chã. Ao monte, o Capitão-mor chama Pascoal e à terra dá o nome de Vera Cruz. Anoitece e resolve ancorar a seis léguas da costa.
Em 23 de abril, Cabral manda Nicolau Coelho avançar meia légua rio adentro. Quando o seu batel se embrenha, já correm para ele cerca de 20 homens pardos, todos nus. Flechas armadas, com as cordas tensas, chegam dispostos ao combate. Mas Nicolau Coelho, por gestos, faz sinal que pousem os arcos em terra e eles os pousam. Nicolau dá-lhes ainda um barrete vermelho e um sombreiro preto e, em troca, recebe um colar de conchinhas e um sombreiro de penas de ave, com plumas vermelhas. Ao anoitecer começa a ventar de sudeste e Cabral resolve mandar levantar ferro e rumar para norte, em busca de enseada onde se possam abrigar. Em 24 de abril, os portugueses acham uma angra e antes do sol-posto lançam ferro e àquele lugar o Capitão-mor dá o nome de Porto Seguro.
Primeira missa
No domingo, 26 de abril, o capitão-mor ordena que Frei Henrique reze uma missa, a primeira em novo solo. Cabral, empunhando a bandeira de Cristo que trouxera de Belém. Manda Pero Vaz de Caminha escrever novas do achamento. Depois manda Gaspar de Lemos levar a carta ao rei e ele parte, com a sua nau, rumo a Lisboa.
“Esta terra será imensa, dela não se vê o fim. De ponta a ponta é toda praia chã, muito formosa. E os arvoredos, com muitas aves coloridas, correm para dentro a perder de vista. Alguns dos paus são de madeira avermelhada, cor de brasa. Os ares são muito bons e temperados. As fontes são infindas. Querendo-a aproveitar, dar-se-á nela tudo, por bem das águas que tem.”
Em terra ficam dois degredados para aprender a língua dos índios, mais dois grumetes que, por vontade própria, faltaram ao embarque.
Das 13 naus agora restaram 11. Cabral sai da “Terra de Vera Cruz” a 2 de maio, em direção a Calcutá, pelo já navegado caminho das Índias.
*Com informações do website “Vidas Lusófonas” de Fernando Correia da Silva.
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