Honduras fecha 17 acordos com a China após abertura das relações diplomáticas com Pequim
Após deixar de reconhecer Taiwan, país da América Central manifestou interesse em entrar na Nova Rota da Seda
Pela primeira vez na história, uma presidenta de Honduras viajou à República Popular da China. A visita de Estado aconteceu menos de três meses depois da abertura das relações diplomáticas entre os dois países.
Cumprindo o que Xiomara Castro havia anunciado durante a campanha eleitoral, Honduras rompeu relações diplomáticas com Taiwan e reconheceu a existência de uma só China em março deste ano, reduzindo o número de países que não têm laços com o país asiático para treze. Mais da metade desses países estão na América Latina e Caribe: Belize, Guatemala, Paraguai, Haiti, São Cristóvão e Nevis, Santa Lúcia, São Vicente e Granadinas.
Durante a visita, o governo hondurenho afirmou sua disposição de se integrar à Nova Rota da Seda, uma iniciativa de integração e desenvolvimento econômico lançada há 10 anos pelo presidente chinês Xi Jinping. Ambos governos também chegaram a um consenso para começar a negociar um Tratado de Livre Comércio.
A presidenta hondurenha destacou o papel da China no combate às desigualdades: “Aprecio esta histórica abertura de relações com a República Popular da China e com seu povo. Como presidenta de Honduras, reconheço apenas uma China, a que dirige o presidente Xi Jinping. [Reconhecemos] seus avanços e o desenvolvimento de seu povo, bem como sua liderança global promovendo as iniciativas que temos aceitado, cientes dos grandes desafios para reduzir as assimetrias e construir a tão necessária paz para redefinir o rumo da humanidade”.
Twitter/Hector Manuel Zelaya Castro
Honduras rompeu relações diplomáticas com Taiwan e reconheceu existência de uma só China
Xi lembrou que o ex-presidente Manuel Zelaya havia manifestado a possibilidade de que o país estabelecesse relações com a China. Em 2008, ano anterior ao golpe de Estado em Honduras, o então presidente do país havia manifestado essa intenção. Na época, a Costa Rica era o único país centro-americano que aderia ao princípio de Uma Só China. “A senhora cumpriu resolutamente sua promessa eleitoral de estabelecer relações diplomáticas com a China, tomando uma decisão histórica que demonstra uma firme vontade política. Seu esposo, o ex-presidente Sr. Zelaya, também desempenhou um papel ativo nesse sentido. Aprecio muito isso. A história lembrará sua contribuição para as relações entre a China e Honduras”.
Os dois governos assinaram 17 acordos, incluindo vários protocolos para facilitar a exportação agropecuária hondurenha, especialmente de café. O país é o quinto produtor e exportador de café do mundo. Segundo o Instituto Hondurenho do Café, os pequenos produtores que cultivam o grão em até 5 hectares representam 95% do total.
Mario Alejandro, empresário hondurenho do café, acredita que o início das relações diplomáticas tem grande potencial para o setor em seu país: “Em 2021, a China se tornou o 16º maior importador de café no mundo, US$ 497 milhões em importação de café. Isso poderia abrir, para nós hondurenhos, uma brecha para nos posicionarmos no continente asiático”.
Durante o primeiro trecho da visita de Estado, Xiomara Castro se reuniu com a presidenta do Novo Banco de Desenvolvimento, Dilma Rousseff, e pediu formalmente a entrada de Honduras na entidade.
Em visita à Torre de Tiananmen, a presidenta de Honduras lembrou o jornalista e militante Ramón Amaya Amador. Integrante do extinto Partido Comunista Hondurenho, ele foi o primeiro do país centro-americano a conhecer a República Popular da China, em 1952.
