“Não é coincidência que este tratamento hostil e agressivo da Patrulha de Fronteira e Alfândega dos Estados Unidos tenha ocorrido após termos organizado a visita para Cuba da maior delegação de jovens líderes norte-americanos em décadas”, disse Zoe Alexandra da Assembleia Internacional dos Povos (AIP) a Opera Mundi.
A coordenadora de comunicação da organização denunciou a ação dos Estados Unidos, que, para ela, somente demonstra uma “intimidação” do país. “Não há outra tática a que recorrer para além do fomento do medo, uma vez que as suas políticas são completamente inexplicáveis”, afirmou.
Na última quarta-feira (03/05), diversos membros de organizações dos Estados Unidos que viajaram a Cuba como parte de uma brigada internacional de solidariedade foram detidos e constrangidos por autoridades norte-americanas durante seu retorno ao país.
Mais de 150 jovens líderes foram a Cuba e estiveram com diferentes setores da sociedade cubana para saber dos impactos do bloqueio norte-americano e as experiências na construção do socialismo. Essas reuniões foram realizadas em Havana, capital da ilha, entre 24 de abril e 3 de maio.
Após o ocorrido, a People's Forum, que integrou a delegação, afirmou que na manhã de quinta-feira (04/03) “todos os camaradas que viajaram a Cuba estão livres”.
Alexandra disse que ações como essa, que chamou de “intercâmbios educativos”, são “totalmente legais”, porém a ativista aponta que o governo norte-americano “subestima os nossos sentimentos de amor e solidariedade ao povo de Cuba”.
Para ela, por conta do teor das perguntas realizadas aos membros da delegação pelos agentes alfandegários, é “evidente que se tratou de uma ação com motivações políticas”.
Reprodução/ Zoe Alexandra
Mais de 150 jovens de diversas organizações dos EUA foram a Cuba em ‘intercâmbios educativos’
Já que, segundo o People's Forum, alguns membros da delegação foram “detidos por horas” em aeroportos dos EUA, sendo “assediados e mantidos em interrogatório secundário”. A organização declarou ainda que os celulares foram revistados e apreendidos pelos agentes da polícia alfandegária.
“O tratamento recebido pelos nossos delegados quando regressaram aos EUA é apenas mais um exemplo de como temos de lutar ainda mais pela mudança no nosso país e pelo fim do bloqueio”, afirmou Alexandra.
Ao saber do assédio, o presidente cubano Miguel Díaz-Canel expressou a solidariedade de Cuba aos membros da delegação: “animem-se pessoal, estamos com vocês. Obrigado por sua coragem, por apoiarem Cuba e por enfrentarem o ódio daqueles que não suportam o fato de que a Revolução Cubana tem o apoio da juventude mais progressista. Mandamos um grande abraço”, escreveu em um tweet.
Organizações cubanas e personalidades políticas também expressaram indignação após as detenções.
A Opera Mundi, Alexandra também condenou a política de Joe Biden com relação à Cuba. Segundo ela, a gestão do democrata “está, infelizmente, muito longe de seu antecessor Barack Obama”. A ativista apontou que as conversas de abertura diplomática entre os países não evoluem, que o atual presidente dos EUA “apesar de ter prometido reverter as medidas regressivas de Donald Trump, manteve em vigor as 243 medidas coercivas unilaterais impostas a Cuba”.