O governo do Irã emitiu um comunicado nesta quinta-feira (09/06) em que condena uma resolução aprovada pela Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA) contra o país por “falta de cooperação”.
“Irã condena a adoção da resolução – apresentada pelos Estados Unidos, Reino Unido, França e Alemanha – no âmbito do conselho de governantes da AIEA. Essa é uma ação política, não construtiva e incorreta”, diz a nota assinada pelo Ministério das Relações Exteriores.
Ainda conforme o porta-voz da pasta, Saeed Khatibzadeh, Teerã responderá “de maneira decidida e proporcional” à resolução aprovada na quarta-feira (08/06). Pouco depois de emitir a nota, o governo informou formalmente à AIEA que “vai retirar as 27 câmeras de vigilância” da agência da ONU nas suas instalações de atividades nucleares.
A resolução que aprofundou a crise com os iranianos foi aprovada na quarta-feira por 30 dos 35 membros da AIEA. Apenas China e Rússia votaram contra a medida e Índia, Líbia e Paquistão se abstiveram.
O texto foi levado ao debate após inspetores da ONU encontrarem resíduos de urânio enriquecido em plantas nucleares que não deveriam ter o produto. Sendo assim, a resolução aponta uma “falta de cooperação” do Irã, pedindo que o país “coopere” com a agência nuclear.
Com isso, a votação deixa mais afastada a possibilidade de reaplicação total do acordo nuclear firmado entre Irã e os membros-permanentes do Conselho de Segurança da ONU (China, EUA, França, Reino Unido e Rússia) e a Alemanha em 2015.
Wikicommons
Resolução que aprofundou a crise com os iranianos foi aprovada na quarta-feira por 30 dos 35 membros da AIEA
Já o presidente do país, Ebrahim Raisi, afirmou que o governo “não dará o mínimo passo para trás” após as críticas dos países ocidentais, segundo informou a agência estatal de notícias Irna.
“O inimigo não quer que o Irã tenha uma indústria nuclear. Os países ocidentais pensam que com as sanções o país vai parar, mas os iranianos continuarão a fazer progressos em vários setores da indústria, da agricultura e do turismo porque nunca farão a economia do país dependente dos estrangeiros”, pontuou ainda o mandatário.
Após o anúncio da retirada das câmeras, o diretor-geral da AIEA, Rafael Gross, afirmou que a decisão “põe, naturalmente, um sério desafio na nossa capacidade de trabalhar”.
Como em 2018 o então presidente norte-americano Donald Trump retirou o país do pacto e reaplicou sanções, os iranianos aumentaram o enriquecimento de urânio acima do permitido pelo documento. Com a eleição de Joe Biden, Washington voltou a dar sinais de que queria voltar ao acordo e diversas rodadas de negociações foram realizadas neste ano, mas, até o momento, nenhum grande progresso foi feito.
(*) Com Ansa.