Um ministro israelense confirmou implicitamente neste domingo (03/02) que aviões do país atacaram esta semana uma área próxima de Damasco, enquanto o presidente da Síria acusou o governo de Tel Aviv de tentar desestabilizar o país, abalado por uma guerra civil.
Quatro dias depois de o governo de Damasco ter denunciado um ataque aéreo a um complexo militar, o ministro da Defesa de Israel, Ehud Barak, mencionou o tema durante uma conferência sobre segurança em Munique, Alemanha, e, implicitamente, revelou o papel do governo israelense no episódio. Ao discursar na conferência, Barak disse à imprensa que o “isto que aconteceu há alguns dias (…) mostra que quando afirmamos uma coisa, nós a mantemos”.
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“Já havíamos afirmado que não acreditamos que se deva permitir que sistemas sofisticados de armas sejam transferidos ao Líbano, para o Hezbollah, a partir da Síria, quando Assad cair”, disse Barak. O ataque de quarta-feira teve como alvo uma plataforma de lançamento de mísseis terra-ar e um complexo militar que supostamente armazena agentes químicos, de acordo com uma fonte militar americana que pediu anonimato.
O governo sírio ameaçou com represálias, aumentando ainda mais os temores de uma extensão regional do conflito interno na Síria, que segundo a ONU já matou mais de 60 mil pessoas.
Apenas dois dias depois do ataque, o secretário norte-americano da Defesa, Leon Panetta, disse à AFP em Washington que existe uma crescente preocupação sobre a possibilidade do caos na Síria permitir ao poderoso grupo libanês Hezbollah obter armamento sofisticado a partir de Damasco. Depois do ataque, autoridades israelenses aumentaram o tom na retórica sobre o arsenal sírio, em especial os agentes químicos, alertando sobre as graves consequências no caso destas armas terminarem nas mãos do Hezbollah, grupo aliado ao Irã.
Desestabilização
Quase simultaneamente, em Damasco, Assad acusou Israel de tentar desestabilizar a Síria, de acordo com a agência estatal SANA. A agressão “mostra o verdadeiro papel desempenhado por Israel, em colaboração com as forças estrangeiras inimigas e seus agentes em território sírio, para desestabilizar e debilitar a Síria”, disse Assad em um encontro com Said Jalili, secretário do Conselho Supremo de Segurança Nacional do Irã.
O primeiro-ministro turco, Recep Tayyip Erdogan, se uniu às condenações ao ataque, afirmando que “Israel tem a mentalidade de quem pratica o terrorismo de Estado”. “Aqueles que tratam Israel como uma criança mimada podem esperar qualquer coisa e a qualquer momento”, afirmou Erdogan, que, apesar disso, é muito crítico em relação ao regime de Assad.