“A Petrobras vai ser importante na América Latina de novo”, declarou a Opera Mundi o presidente da estatal brasileira de petróleo, Jean Paul Prates, após ser questionado sobre as parcerias internacionais da empresa.
Apesar da fala, que ocorreu nesta segunda-feira (09/10) durante coletiva de imprensa, não ser um anúncio oficial, Prates afirmou a importância de enxergar os países latino-americanos, vizinhos do Brasil, como potenciais parceiros no mercado petrolífero, de modo a construir relações com eles para a presidência brasileira. Como argumento, o representante mencionou que a Petrobras tem franquias no Paraguai e no Chile, onde os postos de gasolina com a bandeira da estatal vendem mais que os demais.
Mencionando países capazes de produzir gás e petróleo, Prates falou de uma possibilidade de parceria com países como Bolívia e Venezuela, “não por semelhanças políticas, mas sim do ponto de vista empresarial”.
“A Bolívia é um país com enormes reservas de gás decantadas, que de repente, admitiu que essas reservas não existiam mais pois não realizaram a exploração das suas próprias potencialidades. Mas elas continuam lá, apenas cometeram um erro e nós viramos as costas para eles”, mencionou.
O que Prates declarou faz referência ao anúncio do presidente boliviano Luis Arce, feito em agosto, sobre o esgotamento do gás natural do país e a consequente impossibilidade de continuar a exportação do produto para o Brasil.
Apesar do anúncio boliviano, o líder da estatal brasileira argumentou sobre a existência do duto que liga o país vizinho ao Brasil, passando pelo Mato Grosso do Sul, São Paulo, e todos os estados da região Sul. Segundo a Transportadora Brasileira Gasoduto Bolívia-Brasil, o cano tem uma extensão de quase 600 quilômetros.
Com a existência dessa infraestrutura, “não é possível que não vamos ao menos conversar com a Bolívia”, complementou Prates.
Falando sobre a Venezuela, o presidente da estatal afirmou ainda a Opera Mundi que essa “é uma outra análise”, uma vez que o país é fundador e membro da Organização dos Países Exportadores de Petróleo (Opep), “e o maior detentor de reservas de petróleo do mundo, mesmo em comparação com a Arábia Saudita”.
Tânia Rêgo/Agência Brasil
Para Jean Paul Prates, parceria com países sul-americanos ‘não por semelhanças políticas, mas sim do ponto de vista empresarial’
Reconhecendo as discordâncias do mercado sobre a Presidência da Venezuela, sob a administração de Nicolás Maduro, Prates argumentou que é necessário deixar essas críticas de lado, uma vez que Caracas é um país vizinho do Brasil e tem muita capacidade de produção de petróleo.
Como exemplo de possibilidade para parceria entre Brasília e Caracas, Prates sugeriu o resgate do lago de Maracaibo, localizado a noroeste da Venezuela, foco de produção petroleira por décadas, com uma grande capacidade de produção, mas atualmente dominado pela poluição, derramamento de petróleo, despejo de águas residuais e lixo.
“Esse país, humanitariamente, nas pautas de descarbonização e operações mais responsáveis, clama por ajuda imediata. A Chevron, empresa norte-americana, está na Venezuela extraindo petróleo, e nós estamos de bobeira por questões políticas”, instou o presidente.
Já em relação Cuba, apesar da ilha não produzir petróleo, Prates reconhece uma potencial parceria com o país caribenho, com oportunidades no ramo das energias renováveis. “Havana tem uma carência enorme de produtos derivados e é um país importante no mercado caribenho”, avaliou o representante, afirmando que a Petrobras “é bem vista” nesta região.
Como planos e potenciais parcerias, Prates também mencionou as estatais petroleiras da Noruega e da Malásia, Equinor e Petronas, respectivamente. O presidente da Petrobras também revelou que receberá o secretário-geral da Opep, Haitan Al Ghais, mas sem ainda data definida para a reunião.
Comunicação após isolamento de Bolsonaro
O presidente da Petrobras revelou também, durante coletiva de imprensa nesta segunda, o plano de comunicação que a empresa tem para com os veículos de mídia independentes e progressistas do Brasil.
A decisão vem após a nova gestão reconhecer o “isolamento” que a Petrobras viveu no governo do ex-presidente Jair Bolsonaro (2019-2022), sem nenhum contato com o cidadão ou consumidor final, além das tentativas de venda que a empresa sofreu.
Apesar de não apresentar detalhes do canal de comunicação com os veículos de imprensa, Prates reconheceu a necessidade de “entender a rotina e o trabalho” dessas redações, ressaltando a importância de suas intermediações para que os assuntos técnicos da Petrobras sejam informados para a população.
Segundo o representante, outro objetivo deste plano é gerar reconhecimento sobre a empresa nas novas gerações, que relacionam a Petrobras apenas ao combustível e à gasolina, mas não como uma grande empresa que direciona o Brasil.