A líder civil destituída de Mianmar, Aung San Suu Kyi, foi levada para um presídio e colocada em isolamento nesta quarta-feira (22/06), informou um dos porta-vozes da junta militar que comanda o país, general Zaw Min Tun, nesta quinta-feira (23/06).
Sem dar detalhes para onde ela foi levada, o militar afirmou apenas que a mudança “foi feita em conformidade com as leis penais” do país.
Suu Kyi estava presa em regime domiciliar em uma residência secreta na capital do país, Naypyidaw, desde 1º de fevereiro de 2021, dia em que os militares deram um golpe de Estado em Mianmar e destituíram todos os políticos eleitos em eleições livres em dezembro de 2020 – essa era apenas a segunda vez que os cidadãos puderam ir às urnas desde 2015.
Desde então, a Nobel da Paz de 1991 foi acusada por quase uma dezenas de crimes, em acusações que, até agora, já somam 11 anos de detenção. Apesar de alegarem que Suu Kyi e o então presidente, Win Mynt, cometeram fraude no pleito, ambos nunca foram acusados de crimes eleitorais.
As acusações contra a política incluem recebimento de propinas no valor de 600 mil dólares (em torno de 3,1 milhões de reais) além de 11,4 quilos de ouro do ex-governador de Rangun, Phyo Min Thein, que testemunhou contra ela em outubro.
Ela também foi acusada de ter se apropriado indevidamente de verbas doadas a uma fundação que presidiu e usar o dinheiro para construir uma residência, além de comprar e alugar helicópteros.
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Aung San Suu Kyi, que foi levada para um presídio e colocada em isolamento nesta quarta-feira (22/06)
A ex-líder ainda foi processada por suspostamente ter abusado da sua posição para arrendar terrenos. As acusações, somadas, preveem uma punição até 15 anos de prisão.
Em dezembro de 2021, Suu Kyi foi condenada a quatro anos de prisão – reduzidos para dois anos após receber um indulto da junta militar que governa o país – por violar leis de combate à pandemia de covid-19 e por incitar a população contra a junta militar.
Ela foi também condenada em 10 de janeiro a mais quatro anos de prisão por ignorar medidas as regras contra a covid-19 em um ato eleitoral e por importar ilegalmente dispositivos de telecomunicações.
Desde o golpe de Estado de 2021, os protestos civis são recorrentes no país e, segundo informações de ONGs regionais, mais de 1,3 mil pessoas foram mortas pelas forças de segurança que reprimiam as manifestações. Além disso, milhares de cidadãos foram presos apenas por participarem dos protestos.
(*) Com Ansa.