Durante evento na Assembleia Popular Suprema, em Pyongyang, nesta segunda-feira (15/01), o líder norte-coreano Kim Jong Un apresentou uma revisão da Constituição do seu país, com o objetivo de definir novas disposições territoriais da península coreana.
Em meio às crescentes tensões entre os países vizinhos nas últimas semanas, o mandatário ressaltou a importância de incluir no texto constitucional um tópico que afirma qual será a reação do país em caso de um novo conflito armado.
“Em caso de guerra, [Pyongyang] ocupará e restaurará completamente o território do Sul e a incorporará ao Norte”, afirma a emenda constitucional.
Em seu discurso, Kim definiu Seul como “a nação hostil número um”, e como “principal e imutável inimigo”. As declarações do líder norte-coreano foram divulgadas somente nesta terça-feira (16/01) pela Agência Central de Notícias da Coreia, a KCNA.
Também de acordo com meios norte-coreanos, o líder do Partido dos Trabalhadores denunciou a imagem que Seul impôs a Pyongyang, ao afirmar que o país capitalista “apagou completamente o conceito de que a República Popular da Coreia (Coreia do Norte) é um parceiro de reconciliação e reunificação” e que o tratou como “um Estado completamente estrangeiro e o mais hostil”. Dessa forma, manifestou a necessidade de estabelecer, além de novas relações, medidas legais para definir “a esfera de exercício da soberania”.
“Se a República da Coreia (Coreia do Sul) invadir o nosso território, espaço aéreo ou águas, mesmo que por 0,001 milímetros, consideraremos isso uma provocação de guerra”, declarou Kim, acrescentando que, nesse caso, seu governo não reconhecerá a linha de fronteira norte, nem a linha marítima inter-coreana.
Reprodução/YonHap News
Kim Jong Un revisa Constituição e define Seul como 'inimigo imutável'
Nesse sentido, Pyongyang decidiu pela abolição dos órgãos que eram responsáveis na promoção de diálogo e cooperação entre os países. As agências envolvidas incluem o Comitê para a Reunificação Pacífica da Pátria, o Gabinete Nacional de Cooperação Econômica e a Administração Internacional de Turismo de Kumgangsan.
O líder norte-coreano orientou os cidadãos a não usarem termos que remetesse o Norte ao Sul e que pudessem “confundir ambos” como “o mesmo povo”. Expressões como “independência”, “unificação pacífica”, “metade norte” e “grande unidade nacional” foram solicitadas por Kim para que sejam eliminadas da Constituição.
Seul contra-ataca Pyongyang
Em resposta às declarações de Kim Jong Un, o presidente sul-coreano Yoon Suk Yeol garantiu nesta terça-feira (16/01) que “se a Coreia do Norte nos provocar, iremos puni-la muitas vezes”, acrescentando que “a falsa tática de ameaçar por ‘guerra ou paz’ não funciona mais”.
De acordo com a mídia sul-coreana Chosun Ilbo, as posições do mandatário sul-coreano foram manifestadas durante uma reunião do gabinete, momento em que deixou claro que “ceder à provocação” apenas colocaria o país em maior risco de segurança.
Em relação ao anúncio de Pyongyang de que não reconheceria a delimitação regional do país, Yoon apenas respondeu que Seul tem capacidades militares para “respostas esmagadoras” e afirmou que o governo segue inspecionando a situação de segurança em tempo real para “manter firmemente uma postura de prontidão”.
“O próprio regime norte-coreano admite que é um regime antinacional e grupo anti-histórico […] Nosso povo e governo devem se tornar um e derrotar as táticas de engano, propaganda e instigação do regime norte-coreano”, afirmou o presidente da Coreia do Sul.