A coordenadora humanitária das Nações Unidas para a Líbia, Maria Ribeiro, informou nesta segunda-feira (08/04) que os confrontos entre as forças de Trípoli e as tropas do general Hafter estão afetando a população que vive na região e que a ONU está se preparando para auxiliar possíveis refugiados. De acordo com relatórios de instalações médicas da organização, 47 pessoas j´á foram mortas e mais de 180 ficaram feridas.
Segundo Ribeiro, as Nações Unidas exigiram de ambas as partes uma trégua humanitária para conseguir atender às necessidades da população atingida.
Os conflitos começaram na última sexta-feira (05/04) quando as tropas do Exército Nacional da Líbia (ENL), lideradas pelo general Khalifa Hafter, iniciaram uma ofensiva contra a cidade na qual está baseado o Governo de Aliança Nacional. Ambas as forças reivindicam o controle do país desde a derrubada de Muammar Kadafi, em 2011.
Ainda nesta segunda, o aeroporto de Trípoli, o único em funcionamento no país, foi fechado após ser alvo de ataques aéreos.
Em entrevista à ONU News, de Trípoli, Ribeiro explicou como a ONU está trabalhando para responder às necessidades humanitárias do presente e se preparar para o futuro.
Qual é a situação na região e como tem progredido nos últimos dias?
Podemos dizer que, desde quinta-feira passada, tem havido uma ação militar liderada pelo Exército Nacional Líbio, que é controlado pelo General Hafter, do Leste do país, sobre Trípoli. Temos visto combates nessa tentativa de avanço sobre a capital e que tem tido o seu impacto na população dessas zonas.
Quais são as maiores preocupações?
Uma das principais preocupações que temos é a situação da população que se encontra nas zonas de combate e, por isso, as Nações Unidas pediram ontem que houvesse uma trégua humanitária para permitir o acesso a essas zonas pelos serviços de emergência para poder evacuar, eventualmente, civis que queiram sair.
Segundo aspecto é que começamos a ver que há certas populações que querem sair das zonas mais próximas dos combates. É verdade que, até agora, temos 2,8 mil pessoas que se sentiram-se obrigadas a sair do seu local, mas se os combates continuarem esperamos que esses números aumentem e, por isso, estamos trabalhando para estabelecer serviços que possam eventualmente receber essas populações.
Outro aspecto que temos de levar em conta é que, quando há combates, muitas vezes os serviços de base são afetados, como eletricidade, água e o acesso às clinicas e aos hospitais.
Também temos uma preocupação com a situação de migrantes que se encontram em centros de detenção. Alguns desses centros ficam em zonas muito próximas dos combates, em zonas mais vulneráveis. Estamos bastante preocupados. Não se pode esquecer dessas populações e falaremos com as autoridades sobre o que pode ser feito para prevenir que essas pessoas sejam abandonadas em situações ainda mais difíceis.
Algumas forças internacionais saíram da cidade, mas os funcionários da ONU ainda estão no país.
Qual é o objetivo?
Neste momento estou em Trípoli e, como disse o secretário-geral [Antonio Guterres] na semana passada, quando ele esteve na Líbia, é que as Nações Unidas continuam a ser solidária com o povo líbio e que estamos aqui para ajudar e apoiar o país. Eu posso falar do ponto de vista humanitário, que nós vamos fazer de tudo para continuar a dar o apoio necessário às pessoas.
Quais são as expetativas?
Bem, nós estamos trabalhando e checando nossa capacidade, também com os parceiros, incluindo com as autoridade municipais, e preparando nossa capacidade de responder a uma situação em que haja mais deslocados, ou então, se houver necessidade de dar apoio, por exemplo, aos serviços de saúde.
*Com ONU News
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Após derrubada de Kadafi, general Hafter e ENL reivindicaram controle do país