A Secretária-geral do Partido dos Trabalhadores (PT) da Argélia, Luísa Hanune, saiu na segunda-feira (10/02) da prisão militar de Blida, onde ficou presa por nove meses. A líder política teve sua liberdade decretada após sua defesa entrar com recurso.
Hanune foi sentenciada a 15 anos de prisão após ser condenada por um suposto “atentado contra o Estado”, em uma acusação baseada em um encontro que a política teve com Said Bouteflika, então conselheiro do ex-presidente argelino Abdelaziz Bouteflika, em 27 de março de 2019, durante as massivas manifestações que tomaram o país e exigiram a saída do então mandatário.
Segundo um comunicado do PT argelino, a Justiça alterou a acusação para “não denúncia de uma reunião secreta”, onde foi condenada a três de anos de prisão, sendo nove meses de cárcere fechado. “Trata-se de uma nova demonstração de um processo político”, disse o partido.
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Após sair da prisão, Hanune afirmou que não aceita essa nova sentença e disse que recorrerá para ser “pura e simplesmente absolvida”. A secretária ainda declarou que sua liberdade “não está completa” até que ocorra a “libertação de todos os presos políticos e por delito de opinião”.
“O PT e Luísa Hanune desenvolverão uma campanha pela libertação de todos os presos políticos e por delito de opinião, como parte integrante da luta pela democracia, desenvolvida pelo povo argelino desde fevereiro de 2019”. afirmou o PT argelino em nota.
Reprodução
Louisa Hanune ao deixar a prisão, após ficar nove meses encarcerada em Blida, Argélia
Segundo o Partido dos Trabalhadores da Argélia, Hanune se reuniu com Said Bouteflika para expor suas opiniões sobre a resposta que o governo deveria dar às grandes manifestações populares.
Para o PT argelino, “Hanune foi condenada para dar o exemplo, para aterrorizar e tentar calar todas as vozes que se opõem ao poder de fato”.
O Partido dos Trabalhadores do Brasil emitiu uma nota em solidariedade à Hanune e ao povo argelino. O partido afirma que “o PT, [ex-presidente] Lula, e centenas de organizações políticas, sindicais e democráticas do país tomaram posição contra essa prisão desde o ano passado”.
“Do mesmo modo, milhares de líderes, parlamentares e organizações se pronunciaram em 101 países pela liberdade para Luisa Hanune”, diz a nota. Ainda no texto, o PT brasileiro reafirmou sua solidariedade e pediu ao governo da Argélia para “respeitar plenamente os direitos democráticos”.