O presidente do México, Andrés Manuel López Obrador, enviou uma carta ao presidente norte-americano Donald Trump nesta quinta (30/05) em que pede “diálogo” em relação à questão migratória.
Pouco antes, Trump havia anunciado uma sobretaxa de 5% em todos os produtos vindos do país vizinho até que os mexicanos tomassem o que chamou de “medidas efetivas” contra a imigração de não documentados.
Na missiva, López Obrador diz que, desde dezembro, quando assumiu o governo, propôs a Trump “optar pela cooperação para o desenvolvimento e ajudar os países centro-americanos com investimentos produtivos para criar empregos e resolver a fundo este penoso assunto.” “Os seres humanos não abandonam seus povos por gosto, mas, sim, por necessidade”, afirma.
Sobretaxa
Segundo comunicado divulgado pela Casa Branca na noite desta quinta, a decisão entrará em vigor a partir do próximo dia 10 de junho.
O republicano ainda afirmou que a taxação irá aumentar gradualmente caso a entrada irregular de mexicanos em seu país não seja eliminada ou reduzida drasticamente. Com isso, a sanção será reajustada em 15% a partir de 1 de agosto; 20% em 1 de setembro; 25% em 1 de outubro; e após essa data irá permanecer em 25% de maneira indefinida.
No entanto, o magnata prometeu remover as taxas “se a crise de imigração ilegal for aliviada com atitudes eficazes tomadas pelo México”. No texto, o presidente norte-americano ainda acusou o governo mexicano de “não tratar de maneira justa” o seu país, principalmente porque pode anunciar medidas para reduzir o fluxo de imigrantes de forma “rápida e fácil”.
Trump ainda ressaltou que se o país vizinho “falhar”, o que consequentemente manterá as taxas em 25%, muitas empresas localizadas no México “podem começar a retornar aos Estados Unidos para fabricar seus bens e produtos”. “As companhias que se mudarem de volta aos Estados Unidos não vão pagar as tarifas ou serem afetadas de maneira alguma”, acrescentou.
Delegação mexicana
Com a decisão de Trump, López Obrador anunciou que uma delegação mexicana, encabeçada pelo secretário de Relações Exteriores, Marcelo Ebrard, irá nesta sexta (31/05) a Washington para tentar “chegar a um acordo em benefício das duas nações”.
Por sua vez, o subsecretário de América do Norte da Secretaria de Relações Exteriores do México, Jesús Seade, afirmou, em entrevista coletiva à imprensa, que, se os EUA cumprirem sua ameaça de impor sobretaxas, o governo de López Obrador responderá “de forma enérgica”.
Desde as eleições presidenciais de 2016, Trump tenta endurecer a política migratória nos Estados Unidos. A construção de um muro na fronteira com o México foi uma de suas principais promessas durante sua campanha.
Na quinta (30/05), o mandatário voltou a acusar os democratas, que controlam a Câmara de Representantes, de barrar qualquer iniciativa sobre a fronteira, porque querem “as fronteiras abertas, querem ter crimes, querem que as drogas ingressem no país, querem que tenha tráfico de pessoas”, ressaltou.
Em fevereiro, Trump, inclusive, chegou a declarar emergência nacional na fronteira entre os Estados Unidos e o México afirmando que era preciso combater a “crise”. Depois do anúncio das taxas, Obrador pediu para “aprofundar o diálogo” na tentativa de evitar qualquer confronto.
(*) Com Ansa e teleSUR
Governo do México
López Obrador pede ‘diálogo’ a Trump