O presidente brasileiro Luiz Inácio Lula da Silva esteve novamente na Argentina, nesta terça-feira (04/07), para a reunião anual dos chefes de Estado do Mercosul, realizada na cidade de Puerto Iguazú, a poucos metros da brasileira Foz do Iguaçu, na região da tríplice fronteira entre os dois países e o Paraguai.
O evento marcou a entrega da presidência pro tempore do bloco econômico, que foi exercida pela Argentina nos últimos 12 meses, e que será do Brasil até julho de 2024. Essa sucessão resultou no sexto encontro entre Alberto Fernández e Lula neste ano, com o argentino deixando a liderança do Mercosul nas mãos do brasileiro.
Em seu discurso de posse, Lula disse que a cúpula marca “uma etapa essencial do reencontro do Brasil com a região”.
“Não é concebível que tenhamos deixado de lado, por quase sete anos, esse valioso espaço que é a Cúpula Social do Mercosul. A participação de movimentos sociais, com toda a diversidade de nossa gente, reforça a transparência e a legitimidade do bloco. O Brasil assume hoje a presidência com a determinação de levar adiante esses esforços”, frisou o presidente.
Além de Lula e Fernández, também estiveram presentes os presidentes da Bolívia, Luis Arce, do Uruguai, Luis Lacalle Pou, e do Paraguai, Abdo Benítez. Este último foi acompanhando pelo presidente eleito do país, Santiago Peña, que deve assumir o poder em agosto.
Acordo com a União Europeia
Ao tomar posse do Mercosul, Lula estabeleceu a conclusão do acordo do bloco com a União Europeia como uma das suas prioridades do seu mandato de 12 meses.
No entanto, o presidente ressaltou que o bloco sul-americano exigirá que o tratado seja claramente beneficioso aos países da região. “Vamos a Bruxelas discutir com a União Europeia e precisamos de uma resposta que fale de políticas nas quais ambos os lados terminem ganhando. Não queremos uma política na qual eles ganham e nós perdemos”, enfatizou o mandatário brasileiro.
Ricardo Stuckert
Lula visitou as Cataratas do Iguaçu, horas antes de participar da cúpula de chefes de Estado do Mercosul
O Mercosul e a União Europeia discutem há mais de dez anos a possibilidade de um tratado comercial entre os países de ambos os blocos.
Neste mesmo evento, minutos antes do discurso de Lula, o presidente argentino Alberto Fernández culpou a “falta de consenso” entre os países europeus pela impossibilidade de concretizar o acordo.
Integração mais que comercial
O discurso de Lula na cúpula do Mercosul também mencionou o ex-presidente uruguaio Pepe Mujica, lembrando que ele defende “uma integração que vá muito além de um projeto estritamente comercial”.
“O Mercosul não pode estar limitado à barganha do ‘quanto eu te vendo e quanto você vende pra mim’. É preciso recuperar uma agenda cidadã e inclusiva, que gere benefícios para amplos setores de nossas sociedades”, afirmou Lula.
Presidente Lula participa da Cúpula do Mercosul https://t.co/PhPf4O2r2B
— Lula (@LulaOficial) July 4, 2023
O brasileiro acrescentou que sua presidência também terá espaço para a discussão de uma cooperação entre os países em busca a criar um ambiente de paz na região.
“O mundo está cada vez mais complexo e desafiador. Nenhum país resolverá seus problemas sozinho, nem pode permanecer alheio aos grandes dilemas da humanidade. Não temos alternativa que não seja a união. Nesse mundo cada vez mais pautado pela competição geopolítica, nossa opção regional deve ser a cooperação e a solidariedade”, completou Lula.