A decisão do Supremo Tribunal Federal (STF) de proibir a prisão após julgamento em segunda instância, tomada na noite desta quinta-feira (07/11) por 6 votos a 5 – e que abre a possibilidade para que o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva deixe a cadeia – repercutiu na imprensa internacional.
Para o jornal argentino Página/12, a decisão representa para Lula “um pé para fora da cadeia”. De acordo com o jornal, um dos sinais de que o presidente da corte, José Antonio Dias Toffoli, iria dar o voto decisivo para o fim da prisão após segunda instância, foi a posição do Grupo Globo.
“Um sinal de que o juiz Dias Tóffoli, o último a votar, poderia ordenar a saída [de Lula] foi o fato de que as rádios do Grupo Globo evitaram transmitir ao vivo a audiência e deram prioridade à partida São Paulo-Fluminense, pelo campeonato brasileiro. Ao contrário do que aconteceu no dia 7 de abril do ano passado, quando as rádios e os canais de televisão privados formaram cadeia nacional para transmitir ao vivo (eufóricas) a prisão do político”, afirma o texto.
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A emissora multiestatal teleSUR destacou o fato de que a defesa do ex-presidente irá pedir a soltura imediata do político – e a reação dos apoiadores do petista. “A votação causou festejos na Vigília Lula Livre, no bairro Santa Bárbara, de Curitiba, onde milhares de pessoas acampam para pedir a libertação do dirigente”, diz a emissora.
Ricardo Stuckert/Instituto Lula
Decisão do STF beneficia o ex-presidente Lula
O jornal alemão taz disse que Lula, agora, “pode ter esperança de ser solto”. “Em todo o país, aconteceram, na noite de quinta, festas espontâneas de comemoração. No centro de São Paulo, reuniram-se em diferentes locais apoiadores de Lula. ‘Estou superfeliz com o julgamento’, disse Gabriela Faria ao taz, com lágrimas nos olhos. A mulher de 34 anos vestia uma camiseta verde e amarela com o retrato de Lula no peito. ‘Para nós, Lula não é só um político, mas sim uma ideia de um Brasil mais justo’”, afirma o periódico.
O britânico The Guardian reproduziu um texto da agência Associated Press, que afirma que a decisão foi “apertada”. “Da Silva, universalmente conhecido como Lula, era favorito para ganhar a eleição presidencial de 2018, mas sua condenação o proibiu de concorrer. Ele permanece uma figura popular na esquerda, cujos políticos e eleitores pedem por sua soltura”, diz.
Por sua vez, o New York Times disse que o STF “pavimentou o caminho” para a liberdade do ex-presidente. “Apoiadores do sr. Da Silva, 74, um líder de esquerda que governou o Brasil de 2003 a 2010, celebrou a decisão como um triunfo ao se reunirem na frente do prédio da polícia na cidade sulista de Curitiba, onde está preso desde abril do ano passado”, afirma.