O presidente do Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva, convidou os seus homólogos sul-americanos na última quinta-feira (04/05) a participarem de um fórum em Brasília no dia 30 de maio com o objetivo de “reativar a agenda de cooperação regional”.
“O objetivo do encontro é promover um diálogo franco entre todos, com vistas a identificar denominadores comuns, discutir perspectivas para a região e reativar a agenda de cooperação sul-americana”, disse o comunicado divulgado pelo Itamaraty.
A nota destaca que “é imperativo que voltemos a ver a América do Sul como uma região de paz e cooperação”, um território “capaz de gerar iniciativas concretas para enfrentar o desafio da desenvolvimento sustentável com justiça social”.
O memorando destacou que a colaboração incluiria “áreas-chave, como saúde, mudança climática, defesa, combate a crimes transnacionais, infraestrutura e energia”.
Desde que assumiu a presidência do Brasil pela terceira vez, em 1º de janeiro, Lula tem buscado uma aproximação com as nações sul-americanas.
Dos países da América do Sul, Lula visitou Argentina e Uruguai desde o início de seu governo, ambas as viagens ocorridas em janeiro. No entanto, outros representantes do governo brasileiro têm demonstrado esforços para a recuperação da integração regional na América do Sul, confira:
Mauro Vieira na Bolívia
O Ministro das Relações Exteriores do Brasil, Mauro Vieira, reuniu-se com o vice-presidente da Bolívia, David Choquehuanca, e com seu homólogo boliviano, Rogelio Mayta, em La Paz, na última quinta-feira (04/05).
A chancelaria brasileira declarou que Vieira e Mayta trataram de “temas de comércio, integração energética, infraestrutura física e cooperação em matéria de defesa e de segurança”.
Além disso, Bolívia e Brasil conversaram sobre “perspectivas de cooperação” para a América do Sul, em especial, sobre a Amazônia. Neste assunto, Vieira convidou as autoridades bolivianas para a Cúpula dos Países-Membros da OTCA (Organização do Tratado de Cooperação Amazônica).
Durante a visita à Bolívia, Vieira ainda entregou uma carta endereçada ao presidente do país vizinho, Luís Arce, um convite de Lula para a Reunião de Presidentes de Países da América do Sul em 30 de maio.
Por sua vez, no mês de janeiro, Arce encontrou-se com Lula e pediu ajuda para o governo brasileiro na investigação das possíveis ligações entre Bolsonaro e os líderes golpistas bolivianos, que atuaram no golpe de Estado contra Evo Morales em 2019, especialmente Luis Fernando Camacho, governador do departamento de Santa Cruz e um dos líderes do partido de extrema direita Comitê Cívico.
Brics e Argentina
Após a segunda visita do presidente da Argentina, Alberto Fernández, ao Brasil, na última terça-feira (02/05), Lula declarou que seu governo articularia ajuda financeira dos Brics (bloco econômico formado por Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul) e ao Fundo Monetário Internacional (FMI) para ajudar o país vizinho em sua crise econômica enfrentada pela ´dívida que o país contraiu durante o governo de Maurício Macri (2015-2019).
Na ocasião, Lula também declarou: “uma alegria receber o amigo Alberto Fernández hoje no Palácio do Alvorada. Brasil e Argentina são países irmãos e teremos relações cada vez mais prósperas com um dos maiores parceiros comerciais do nosso país e da nossa indústria. Juntos somos mais fortes”.
Esforços para a política venezuelana
O diplomata Celso Amorim, assessor especial da Presidência da República para temas internacionais, esteve presente na Conferência Internacional sobre o Processo Político na Venezuela, ocorrida em Bogotá, no final do mês de abril.
Com a presença do presidente da Colômbia, Gustavo Petro e moderadores de outros 20 países, foi emitido um comunicado conjunto detalhando as recomendações para que sejam retomadas as conversações entre o governo da Venezuela e os setores da oposição reunidos na aliança conhecida como Plataforma Unitária.
Além disso, o evento também defendeu a necessidade de se construir uma América Latina “livre de sanções”.
Anteriormente, no início de março, Amorim, visitou a Venezuela e se reuniu com o presidente venezuelano, Nicolás Maduro. O encontro foi o primeiro contato de alto nível entre representantes dos governos brasileiro e venezuelano desde que o presidente Lula tomou posse.
Twitter/Lula – Foto de Ricardo Stuckert
Lula marca volta do Brasil à diplomacia com esforços para integração regional na América do Sul
Volta à Unasul
No marco de 100 dias do início de seu terceiro governo como presidente do Brasil, Lula anunciou o retorno do país à União das Nações Sul-Americanas (Unasul) como “iniciativa para fortalecer o bloco e a integração regional”.
O anúncio foi feito logo que o governo da Argentina também anunciou a volta ao bloco, tendo como objetivo retomar a composição original do organismo: Argentina, Bolívia, Brasil, Chile, Colômbia, Equador, Guiana, Paraguai, Peru, Suriname, Uruguai e Venezuela.
A Unasul foi criada em 23 de maio de 2008, com impulso de Néstor Kirchner, Lula, Hugo Chávez e Evo Morales, visando “a paz e a segurança, eliminar a desigualdade socioeconômica, alcançar a inclusão social e a participação cidadã, fortalecer a democracia e reduzir as assimetrias no marco do fortalecimento da soberania e independência dos Estados da América Latina”.
Acordo contra inflação
Lula e Celso Amorim reuniram-se com líderes de 11 países da América Latina e Caribe no início do mês de abril, concordando com um plano de diversas ações para combater a inflação na região, bem como fortalecer a integração e o comércio.
As medidas foram acordadas durante a cúpula virtual da “Aliança de Países da América Latina e do Caribe contra a Inflação”, proposta pelo presidente do México, Andrés Manuel López Obrador, que contou com a participação de representantes de Belize, Bolívia, Brasil, Chile, Colômbia, Cuba, Honduras, Venezuela, São Vicente e Granadinas e da Argentina.
Fórum Mundial de Direitos Humanos na Argentina
No 3º Fórum Mundial de Direitos Humanos, no mês de março, em Buenos Aires, o ministro dos Direitos Humanos e da Cidadania do Brasil, Silvio Almeida, afirmou que sua pasta deve promover o vínculo com a comunidade internacional, especialmente da América Latina, entendendo as problemáticas e experiências em comum.
Em passagem pela Argentina, o ministro participou da mesa “A luta dos povos pela dignidade nos novos contextos democráticos”, ao lado dos subsecretários de Direitos Humanos da Colômbia, Juan Manuel Morales, e do Chile, Xavier Altamirano Molina, e o secretário de Direitos Humanos da Argentina, Horacio Pietragalla.
“Um dos objetivos do Ministério dos Direitos Humanos e da Cidadania do Brasil, que tenho a honra, por indicação do presidente Lula, de conduzir, é justamente estreitar os laços com comunidade internacional, e especialmente e necessariamente com os países da América Latina”, enfatizou o ministro.
BNDES e “parcerias com Sul Global”
No início de fevereiro, Aloizio Mercadante assumiu o cargo como novo presidente do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES). Com a presença de Lula e da ex-presidente Dilma Rousseff na posse, o doutor em Economia pela Universidade de Campinas (Unicamp) declarou:
“O nosso desenvolvimento passa pela integração da América Latina e pela parceria com os países do Sul global. O Brasil é grande e será ainda maior ao atuar em conjunto com os seus vizinhos”.
Mediador de paz entre Colômbia e ELN
O governo brasileiro aceitou, em fevereiro, o convite da Colômbia para retomar sua participação na Mesa de Diálogos de Paz entre o Estado colombiano e o Exército de Libertação Nacional (ELN).
Em nota, o Ministério das Relações Exteriores brasileiro afirmou que o país volta a integrar o processo, definido como “fundamental para a consolidação da paz na Colômbia e de grande importância, por consequência, para a região e para o mundo”.
Volta à Celac
Em janeiro, o governo Lula anunciou a volta do Brasil ´à Comunidade dos Países Latino-Americanos e Caribenhos (Celac). Na Cúpula da organização, o presidente brasileiro ressaltou a importância que sua administração dá ao retorno ao organismo após o afastamento promovido por Jair Bolsonaro, e também a convicção do atual mandatário em voltar a protagonizar iniciativas de integração entre os países da região.
“Ao longo dos sucessivos governos brasileiros desde a redemocratização nos empenhamos com afinco e com sentido de missão em prol da integração regional e na consolidação de uma região pacífica, baseada em relações marcadas pelo diálogo e pela cooperação”, enfatizou Lula, para reforçar, em seguida, que este retorno à Celac marca “um reencontro do Brasil consigo mesmo”.
(*) Com TeleSUR/Contém trechos do Brasil de Fato