A Embaixada de Cuba no Brasil recebeu nesta terça-feira (13/07) uma mobilização em solidariedade à revolução cubana. Ás 13h, um grupo de manifestantes se reuniu no local. O ato começou tranquilo, com cerca de 50 pessoas em frente à embaixada, o clima era pacífico e um aparato policial pequeno acompanhava a manifestação.
Porém, por volta das 14h30, cerca de 20 apoiadores do presidente Jair Bolsonaro ficaram cinco metros de distância dos manifestantes pró-governo de Cuba.
Os militantes em prol da revolução também chegaram a entrar em um pequeno conflito com um jornalista que eles consideraram ser um infiltrado. No entanto, até o momento, nenhuma das situações gerou um grande confronto e foram controladas pelas forças policiais presentes no local.
De acordo com Rodrigo Rodrigues, presidente da Central Única dos Trabalhadores (CUT) no Distrito Federal, a luta é importante pois demonstra que nem mesmo o bloqueio e nem a propaganda contrária a Cuba acaba com o apoio popular à ilha.
“No domingo, nós vimos manifestações que foram incentivadas por redes sociais com uma propaganda contrária ao governo. Mas onde o próprio governo foi dialogar com a população que estava na rua. Dando uma verdadeira demonstração de sensibilidade, de capacidade de construir com o povo as soluções, como Cuba sempre demonstrou”, disse.
Segundo Amanda Corcino, presidente do Sindicato dos Trabalhadores da Empresa Brasileira de Correios Telégrafos e Similares de São Paulo, Grande São Paulo e zona postal de Sorocaba (Sintect), os manifestantes são solidários à luta cubana.
“Nós não concordamos com essa ingerência dos Estados Unidos, utilizando de uma dificuldade que já sofre esse povo diante do embargo e das dificuldades que a pandemia trouxe para atentar contra o seu governo e sua democracia. Tem que ser uma questão que tem que ser resolvida pelo povo cubano. Nós respeitamos a soberania daquele país e não concordamos com essa ingerência do imperialismo americano”, afirmou.
De acordo com Erivan Hilário, da direção nacional do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), a manifestação é importante para mostrar que o povo brasileiro apoia o povo cubano: “Sobretudo, esse país que sempre foi esse guardião da solidariedade, que sempre promoveu a solidariedade. Significa a gente a retribuir com a solidariedade. Seguiremos aqui resistindo”.
Nayá Tawane/Brasil de Fato
Ato reuniu partidos e movimentos sociais de esquerda e contou com a presença de cerca de 50 pessoas
Convocação pelas redes sociais
Na última segunda-feira (12/07), houve um pequeno momento de tensão nas manifestações no local. Enquanto ele acontecia, chegaram alguns poucos apoiadores de Bolsonaro, cerca de cinco pessoas, que tentaram desmobilizar o ato, com ofensas e ameaças. Mas, como eles eram poucos, foi possível que os próprios manifestantes e policiais que estavam no local dispersassem o grupo.
O protesto acontece após Cuba viver uma das maiores manifestações contrárias ao governo, desde o “maleconazo” de 1994, no último domingo (11/07). Os protestos foram convocados por redes sociais, com a hashtag #SOSCuba, e começaram na cidade de San Antonio de Los Baños, estado de Artemisa, e foram registradas em 20 municípios da ilha, além de outras cidades nos Estados Unidos.
“A razão de fundo é o bloqueio”
Os atos começaram condenando os apagões de eletricidade e a nova onda de contágios da covid-19 e terminaram em gritos de “liberdade, “pátria e vida”.
Logo depois das convocatórias, o presidente cubano visitou o município de San Antonio de los Baños, 36km a oeste de Havana, para dialogar com a população. Ainda no domingo, Miguel Díaz-Canel convocou os comunistas cubanos a defender a revolução. “As ruas são dos revolucionários”, afirmou em transmissão televisiva em cadeia nacional.
Meios de comunicação internacionais afirmam que existem cerca de 20 detidos, no entanto a informação não foi confirmada pelas autoridades cubanas. Nesta segunda, o chefe de Estado cubano convocou seu gabinete de ministros para dar explicações acerca dos problemas que foram denunciados nos protestos.
Depois de denunciar que as manifestações eram conduzidas pelo imperialismo, Díaz-Canel reconheceu a legitimidade de algumas críticas, mas destacou que a razão de fundo para o descontentamento é o bloqueio econômico. “Há uma minoria de contrarrevolucionários que tentou dirigir essas manifestações. Mas aqui temos pessoas insatisfeitas, com incompreensões, com desejo de expressar algum problema”, declarou o presidente cubano.