O ministro da Fazenda, Guido Mantega, advertiu para uma “guerra comercial global”, provocada pela manipulação monetária e mencionou como responsáveis os Estados Unidos e a China, em entrevista publicada nesta segunda-feira (10/01) pelo jornal inglês Financial Times.
Segundo Mantega, o Brasil está tomando medidas para impedir que o real continue se valorizando e abordará o tema na OMC (Organização Mundial do Comércio) e outros foros mundiais.
“Trata-se de uma guerra monetária que está se transformando em uma guerra comercial”, afirma Mantega em sua primeira entrevista exclusiva desde que Dilma Rousseff substituiu Luiz Inácio Lula da Silva na presidência do Brasil.
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Seus comentários, assinala o jornal, acompanham as intervenções que foram feitas na semana passada nos mercados de divisas tanto do Brasil como nos de Chile e Peru, as recentes e fortes altas do franco-suíço e de outras moedas, e a fuga dos investimentos das economias dos EUA e Europa.
O FMI (Fundo Monetário Internacional) insinuou na semana passada que o mundo precisa de novas regras que governem o recurso pelos governos aos controles de capitais.
Mantega já utilizou em setembro passado a expressão “guerra de divisas” antes de aplicar controles aos investimentos de bolsa estrangeiras no Brasil para frear uma apreciação de 39% do real frente ao dólar nos dois últimos anos.
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Na quinta-feira (06/01), o Banco Central do Brasil pôs em prática uma medida destinada a impedir a venda a curto prazo do dólar (apostando por sua depreciação) contra o real pelos bancos e anunciou que devem ser esperadas mais medidas “no mercado de futuros”.
Segundo Mantega, o tema das manipulações cambiais estará este ano na agenda do G20 e o Brasil também o apresentará na OMC para que seja considerado como um tipo de subsídio velado às exportações.
Segundo Mantega, o comércio do Brasil com os EUA passou de um superávit de cerca de US$ 15 bilhões a favor do país para um déficit de US$ 6 bilhões desde que Washington começou a flutuar sua economia mediante uma política monetária relaxada.
Para o ministro, a super-valorizada moeda chinesa também está distorcendo o comércio mundial: “Temos excelentes relações com a China, mas há alguns problemas. Certamente gostaríamos de ver uma valorização do iuane”.
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