Enfim em casa. Após serem impedidos de regressar ao México pelo governo chinês, os 165 mexicanos que estavam isolados em quarentena por suspeita de gripe A (H1N1) chegaram hoje (6) à Cidade do México e foram recebidos com aplausos no aeroporto internacional da capital. O governo mexicano fretou um avião para repatriar seus cidadãos, após receber denúncias de que o governo chinês os submetia a tratamentos humilhantes. Pequim negou os maus tratos e afirmou que a quarentena é o modo mais adequado de enfrentar uma epidemia.
A estudante Claudia Medina, que foi a Pequim no final de abril fazer um curso acadêmico, disse à Televisa que as autoridades chinesas “pediram aos passageiros do México que ficassem separados” e os enviaram a hospitais para a realização de exames. Segundo a estudante, ela e outros mexicanos foram levados em uma ambulância para um hospital, onde foram examinados em condições insalubres. Após os exames constatarem que o grupo estava saudável, eles foram levados a um hotel “velho e sujo”, onde aguardaram para retornar ao seu país. Devido ao tratamento recebido, a jovem desistiu do curso e decidiu voltar para o México.
A primeira-dama mexicana Margarita Zavala recepciona os passageiros do avião fretado pelo governo – Rodolfo Angulo/EFE
Retorno de chineses
O governo chinês evacuou 98 dos seus cidadãos que residiam no México hoje. As 98 pessoas – 78 na Cidade do México e 20 em Tijuana – passarão sete dias em quarentena, de acordo com o Comitê para a Prevenção da Gripe em Xangai. Os médicos que viajaram no avião garantiram que todos os ocupantes estavam em “condições normais” de saúde, segundo a agência oficial “Xinhua”. A China providenciou o voo após chegar a um acordo com o México para evacuar os cidadãos dos respectivos países.
No último dia 2, Pequim suspendeu os voos diretos da companhia Aeroméxico entre a Cidade do México, Tijuana e Xangai, após a gripe ter sido identificada em um jovem mexicano que chegou a Xangai em 30 de abril por uma dessas linhas. O turista, de 25 anos, está em Hong Kong e não foi autorizado a viajar no Boeing 777 fretado pelo México para repatriar seus cidadãos que estão na China. Ele deve permanecer internado até se curar.
O presidente do México, Felipe Calderón, expressou hoje sua rejeição “às medidas humilhantes ou discriminatórias” de vários países contra seus compatriotas desde que começou a epidemia da gripe. Por causa da epidemia, Peru, Argentina, Cuba e Equador suspenderam seus voos ao México.
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Ajuda fiscal
Preocupado com os efeitos do surto de gripe A na economia, o governo mexicano anunciou ontem (5) um pacote de apoio fiscal às empresas do país no valor de 17,4 bilhões de pesos (1,3 bilhão de dólares).
Segundo as estimativas oficiais do Ministério da Fazenda mexicano, a crise sanitária gerará um impacto de 0,3% a 0,5% no PIB (Produto Interno Bruto) do país, com perdas de 30 bilhões de pesos (2,2 bilhões de dólares).
As medidas pretendem favorecer os setores mais prejudicados, como centros de entretenimento e restaurantes, que fecharam para evitar a aglomeração de pessoas e novos contágios da gripe, e o turismo, que sofreu com cancelamentos de reservas e estrangeiros deixando o país.
Atualização
O número de mortes pela epidemia de gripe no México subiu para 42, e os infectados passam de 1.500. Além disso, 22 países têm pelo menos um caso confirmado da doença.
Ontem a gripe A fez sua segunda vítima fatal nos Estados Unidos, uma texana. Poucos detalhes foram divulgados sobre a morte, mas o Departamento de Saúde do Texas informou que a mulher sofria de doenças crônicas e que morava no condado de Cameron, junto à fronteira com o México.
Hoje o Centro de Controle e Prevenção de Doenças afirmou que os Estados Unidos têm 403 casos de gripe confirmados. Os novos dados representam um aumento de 40,9% em relação a segunda-feira, quando os CDC reportavam 286 casos confirmados em 36 estados americanos. No entanto, não se sabe se alta corresponde a novos casos ou à atualização da base de dados devido a novos resultados de exames.
A secretária de Saúde, Kathleen Sebelius, afirmou hoje que a grande maioria dos casos registrados no país apresenta sintomas brandos, e não haverá necessidade de hospitalizar esses pacientes.
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