O tradicional evento de celebração do Dia do Mar, no qual a Bolívia reivindica uma saída marítima para o país como a que possuía até sua derrota na Guerra do Pacífico (1879-1883), o principal tema acabou sendo outro: a exploração do lítio.
Em discurso realizado na manhã desta quinta-feira (23/03), o presidente do país, Luis Arce, afirmou que os projetos do seu governo contam com a possibilidade de se criar uma “OPEP do lítio”, com poderes de controlar o preço mundial desse mineral, como faz a Organização dos Países Exportadores de Petróleo (OPEP) com o chamado “ouro negro”.
“Nosso lítio deve possibilitar o avanço no caminho da nossa plena independência. Gravitar no mercado de maneira soberana, com preços que beneficiem as nossas economias [dos países latinos], e uma das formas para isso é a que me planteou o presidente Andrés Manuel López Obrador, que é a de criar uma espécie de ‘OPEP do lítio’”, revelou o mandatário boliviano.
Nuestro litio es para avanzar hacia nuestra plena independencia. Gravitar en el mercado de manera soberana, con precios que beneficien a nuestras economías, y una de las formas, la planteó el presidente Andrés Manuel López Obrador, que es pensar en una suerte de OPEP del litio. pic.twitter.com/XICd52tO2N
— Luis Alberto Arce Catacora (Lucho Arce) (@LuchoXBolivia) March 23, 2023
Segundo Arce, os planos para a criação dessa possível organização devem incluir em breve convites para que Argentina, Peru e Chile sejam parte da iniciativa.
Twitter / Luis Arce
Presidente boliviano disse que OPEP do lítio deve contar com a participação e México, Argentina, Chile e Peru, além do seu país
“Nós temos lítio na Bolívia, Chile, Argentina e Peru, e estamos dispostos a desenhar, de maneira conjunta, uma política que assegure a posição dos nossos países como provedores deste tipo de energia em condições soberanas, que favoreçam o nosso povo”, acrescentou.
Arce não especificou se os planos para criação da “OPEP do lítio” só envolverão países latinos, ou também se abriria para outros países com grandes reservas do mineral, como China e Austrália, mas deu a entender que a organização não deve dar abertura para grandes países do Ocidente, e seu argumento para tanto fez uma clara referência aos Estados Unidos.
“Não queremos que nosso lítio seja visto por nenhum Comando Sul ou seja motivo de assédio externo ou de desestabilização de governos eleitos democraticamente”, completou o presidente boliviano.
Essa última declaração também faz alusão ao golpe de Estado em seu país, contra o ex-presidente Evo Morales, o qual teria sido planejado para atender aos interesses de Elon Musk, segundo o próprio empresário confessou tempos depois.