O governo do México manifestou nesta quinta-feira (05/10) o seu repúdio ao projeto dos Estados Unidos de expansão dos muros fronteiriços, como medida para travar o fluxo migratório para o seu território.
O questionamento mexicano foi expressado pela chanceler Alicia Bárcena, durante a terceira edição da cúpula Diálogo de Alto Nível sobre Segurança, realizado na capital do país latino. O evento foi protagonizado por ela e por seu homólogo norte-americano, Antony Blinken.
Segundo Bárcena, “o México está relutante, diante dos projetos de ampliação dos muros, boias e cercas de arame” no Rio Grande. Vale lembrar que essas iniciativas não são promovidas pela administração federal dos Estados Unidos, e sim pelo governo do estado do Texas, com a justificativa de combater a imigração ilegal.
A diplomata mexicana descreveu os diálogos dos últimos dias sobre a questão da imigração como bem-sucedidos, mas reiterou o repúdio do governo do presidente Andrés Manuel López Obrador sobre a questão dos muros e outros meios de contenção do fluxo de migrantes.
Bárcena ressaltou que a política de Obrador para contenção da migração prioriza a assistência aos migrantes e combate ao tráfico de pessoas.
Ao centro da mesa, chanceler Bárcena questionou seu homólogo norte.americano, em evento realizado na Cidade do México
“Vamos continuar tomando ações muito contundentes, incluindo um reforço da política de retornos assistidos (apoio financeiro que o governo mexicano dá pra que os migrantes centro-americanos voltem aos seus países), e na coordenação das forças-tarefa para o desmantelamento das redes de tráfico de pessoas”, assegurou a chanceler.
Por parte da delegação dos Estados Unidos, o secretário de Estado Blinken não se referiu ao tema dos muros, mas sim o secretário de Segurança Interna dos Estados Unidos, Alejandro Mayorkas, outro dos participantes do evento.
Segundo ele, “o debate a respeito do muro fronteiriço está descontextualizado e não representa de forma alguma uma mudança na política (norte-americana) sobre esse tema”.
Os representantes de Washington disseram estar interessados também em formar novas parcerias com o México para fortalecer o controle das fronteiras para combater o tráfico de armas e de drogas – especialmente o fentanil, no caso das drogas, por se tratar de um produto cuja comercialização ilegal vem se expandindo fortemente nos Estados Unidos.