Dezenas de milhares de pessoas estão participando de caravanas que partiram neste fim de semana de diferentes pontos do interior do Peru, em direção a Lima. O objetivo é realizar um grande evento na capital do país para exigir a renúncia da presidente Dina Boluarte.
A iniciativa parte de diferentes organizações sociais, sindicais, camponesas e de comunidades indígenas, que afirmam querer repetir o feito no ano 2000, quando se realizou ato semelhante para contestar a fraude eleitoral que favoreceu Alberto Fujimori no pleito presidencial daquele ano – graças àquela pressão popular, a vitória do caudilho naquela ocasião terminou não sendo reconhecida legalmente.
Aquele episódio ficou conhecido no país como “Marcha dos Quatro Suyos”, nome que faz referência às quatro regiões nas quais se dividia Tahuantinsuyo, como era chamado o Império Inca.
Segundo o canal TeleSUR, algumas caravanas já estariam se aproximando de Lima nesta segunda-feira (16/01), enquanto outras, de províncias mais próximas da capital, ainda não partiram. A previsão é de que o ato principal aconteça na noite deste terça-feira, ou mais tardar na quarta.
Além da renúncia de Boluarte, os movimentos exigem sua responsabilização pelas 47 mortes [46 civis e um policial] registradas até agora nas manifestações ocorridas no país desde dezembro, a realização de novas eleições gerais no país ainda em 2023 [e não em 2024, como prevê o projeto de lei do governo que tramita no Congresso] e a convocação de uma assembleia constituinte, para substituir a atual, imposta em 1993 pelo ditador Fujimori.
Os organizadores estimam que ao menos 30 mil pessoas estão marchando em direção a Lima, o que poderia resultar em um ato ainda mais expressivo contando com o apoio que podem receber da população da capital.
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Manifestantes peruanos defendem renúncia a presidente Dina Boluarte
Alta rejeição da presidente
Uma pesquisa realizada pelo Instituto de Estudos Peruanos (IEP) mostra que a presidente Boluarte é rejeitada por 71% da população.
Esta é a primeira pesquisa que a entidade realiza para medir a popularidade da mandatária, que assumiu o poder no dia 7 de dezembro de 2022.
Ademais, sua situação ainda pode ser considerada menos desastrosa que a do Congresso, cujo índice de rejeição alcançou um 88%. O parlamento já tinha uma desaprovação altíssima em dezembro, quando era rechaçado por 80% da população, mas os últimos acontecimentos levaram a um aumento de 8% nesse indicador.
Sobre os protestos, 60% dos entrevistados considera que eles são justificados. Além disso, 52% defende que deve haver eleições presidenciais no país ainda em 2023.