O Ministério Público da Guatemala solicitou nesta sexta-feira (08/12) à Corte Suprema de Justiça (CSJ) do país centro-americano que decrete a anulação do segundo turno das eleições presidenciais realizadas este em agosto passado, que terminaram com a vitória de Bernardo Arévalo, do partido de centro-esquerda ambientalista Movimento Semente.
De acordo com os procuradores guatemaltecos, o pleito teria apresentado supostas irregularidades que mereceriam uma declaração de nulidade.
“A investigação estabeleceu que o Tribunal Supremo Eleitoral (TSE) cometeu irregularidades na salvaguarda das urnas eleitorais, violando a regulamentação que deveria ter sido observada”, afirmou a procuradora Leonor Morales Lazo, uma das responsáveis pelo caso.
O Ministério Público também solicitou que se retire a imunidade de Arévalo como presidente eleito, para que ele possa ser investigado. Também foram pedidos inquéritos contra dois altos funcionários do TSE.
As eleições na Guatemala são com urnas convencionais, com votos em papel, porém, os procuradores também afirmam que teria havido manipulação dos softwares usados pelo TSE local para registrar os dados das atas eleitorais.
A denúncia foi criticada pela presidente do TSE, Blanca Alfaro, que disse em entrevista à imprensa guatemalteca que os procuradores não apresentaram nenhuma prova concreta em seu pedido à CSJ. A magistrada também enfatizou que os resultados das eleições gerais de 2023 estão corretos e que foram submetidos a auditoria.
Ministério Público da Guatemala
Ministério Público da Guatemala solicitou à Corte Suprema retirar a imunidade do presidente eleito Bernardo Arévalo para poder investigá-lo
Por sua vez, o presidente eleito, Bernardo Arévalo, afirmou através de suas redes sociais que “este é um momento que exige claridade e decisão de toda a sociedade, porque os donos do poder estão dispostos a tudo para reverter o resultado das urnas, porque temem perder os privilégios que vêm defendendo durante décadas”.
Suposta interferência estrangeira
O pedido do Ministério Público acontece um dia após a grande marcha realizada nesta quinta-feira (07/12) na Cidade da Guatemala, convocada por Arévalo e pelo partido Movimento Semente, para repudiar as tentativas do Ministério Público de questionar o resultado das eleições presidenciais de 2023.
Também nesta quinta-feira, o presidente eleito se reuniu com o secretário-geral da Organização dos Estados Americanos (OEA), o diplomata uruguaio Luis Almagro, que manifestou o apoio da entidade ao TSE local e pediu aos partidos políticos do país que “respeitem o resultado das urnas e a decisão democrática do povo da Guatemala”.
A respeito desse encontro, o procurador Rafael Curruchiche, outro dos responsáveis pela investigação, afirmou que a denúncia do Ministério Público também teria evidência de uma suposta “interferência estrangeira” nas eleições do país, mas sem dar detalhes de quem estaria envolvido e como teria sido realizada tal ação.
O procurador também criticou o apoio dado por Almagro ao TSE e convidou o diplomata a “visitar a nossa sede, para que eu lhe apresente pessoalmente as provas que temos das irregularidades cometidas”.
Com informações de Prensa Libre.