O Ministério Público Federal em Minas Gerais abriu um inquérito para investigar a participação da montadora de automóveis Fiat do Brasil na violação de direitos humanos durante a ditadura civil-militar (1964-1985).
A informação foi confirmada pelo Ministério Público de Minas Gerais, que irá “apurar a eventual responsabilidade da empresa Fiat Automóveis” no regime militar, durante o qual a empresa colaborou com os órgãos de repressão do Estado.
O processo será conduzido pelos próximos quatro meses pela Procuradoria Regional dos Direitos do Cidadão em Minas Gerais.
Participação na ditadura
Documentos do arquivo histórico da montadora italiana Fiat e do Arquivo Público Mineiro, além do depoimento de testemunhas, revelam que a empresa contava, em conjunto com a ditadura civil-militar, com um aparato para reprimir o movimento sindical operário que se formava entre seus trabalhadores. A revelação foi do site The Intercept Brasil.
Tais documentos comprovam que a empresa italiana possuía em sua folha de pagamento 145 funcionários que trabalhavam como espiões, além de agentes duplos que eram membros do Dops.
Os agentes se passavam por operários e se aproximavam dos sindicalistas para obter informações e passá-las aos patrões, agindo sob uma promessa de promoção ou anistia.
A Fiat foi consultada, na época, pela reportagem em duas ocasiões, mas a empresa de automóveis disse que, após a consulta a “diversas fontes”, “não havia memória” dos acontecimentos.
A montadora foi procurada para se posicionar diante da abertura da investigação, e declarou não ter conhecimento “sobre qualquer inquérito nestes termos” e que até o momento não recebeu nenhum aviso. A assessoria de comunicação da Fiat ressaltou que não “possui memória que aponte qualquer envolvimento ou apoio à ditadura militar”.
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Ministério Público Federal em Minas Gerais abriu um inquérito para investigar a participação da Fiat na ditadura militar.