Na campanha para estimular uma reforma no sistema de justiça norte-americano, Barack Obama tornou-se na quinta-feira (17/07) o primeiro presidente dos EUA a visitar uma prisão federal do país no exercício do cargo. Após se reunir com seis jovens detentos não violentos condenados por tráfico de drogas no centro de segurança El Reno, em Oklahoma, o chefe de Estado debateu sobre a importância da reestruturação das penas juvenis.
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Reprodução/NYT
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“Quando eles descrevem a sua infância e adolescência, esses jovens cometeram erros que não são muito diferentes dos que eu já cometi no passado e que muitas pessoas cometem”, declarou Obama, segundo The New York Times. “A diferença é que eles não tiveram estruturas de apoio, segundas chances e recursos que permitiriam que eles sobrevivessem a esses erros”, acrescentou.
No centro de média segurança que abriga mais de 1.200 detentos, o líder norte-americano comentou ainda que as pessoas têm a “tendência de achar normal que muitos jovens fiquem encarcerados”. Contudo, ele refuta essa possibilidade.
Isso não é normal e não é o que ocorre em outros países. O normal é que adolescentes façam coisas idiotas. O normal é que jovens cometam erros”, argumenta Obama, que já admitira já ter fumado maconha e experimentado cocaína na juventude.
Superlotação nas prisões
Em Oklahoma, o presidente democrata também discutiu a redução das sentenças para os condenados por delitos não violentos relacionados com as drogas, que afetam de forma desproporcional os hispânicos e afro-americanos da nação e geram superlotação nas prisões.
Atualmente, a população carcerária dos EUA é de 2,2 milhões de pessoas, uma taxa quatro vezes maior do que nos anos 1980 no país e que concentra 25% dos presos do mundo.
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“Nós devemos considerar se este é o caminho mais inteligente para nós, tanto para controlar crimes, quanto para reabilitar indivíduos. Nós temos que reconsiderar se sentenças de 20 ou 30 anos ou penas de morte para crimes não violentos é o melhor jeito para nós para resolver esses problemas”, explicou Obama.
Reformas por um sistema mais justo
As declarações do líder norte-americano acontecem em meio a uma mudança de postura de sua parte em relação à condição dos detentos e a o encarceramento em massa.
Durante declarações a jornalistas na Casa Branca na quarta-feira (15/07), Obama afirmou que, embora o sistema de justiça criminal não seja “a única fonte de tensão racial ou a principal instituição para resolver a lacuna de oportunidades” no país, o mandatário destacou a necessidade de reformar esse sistema, com o intuito de tratar os cidadãos de uma forma mais igualitária, sem distinção racial e étnica.
EFE
No início da semana, Obama tomou medidas para reduzir penas severas a crimes não violentos
Na tentativa de reduzir ou eliminar sentenças muito severas para crimes não violentos, Obama fez uso de seus poderes como chefe do Executivo para reduzir as sentenças de 46 pessoas julgadas por crimes que envolviam tráfico de drogas.
Essa medida, que ocorreu na segunda-feira (13/05), foi a maior comutação de penas que o mandatário já ordenou desde o início do seu primeiro mandato, há seis anos e meio. Para Obama, esse tipo de endurecimento é responsável por quadruplicar o número de homens e mulheres atrás das grades nas últimas três décadas.