O satélite de reconhecimento militar é “um exercício orgulhoso do direito à autodefesa que não pode ser comprometido em momento nenhum” declarou o líder norte-coreano, Kim Jong Un, de acordo com a Agência Central de Notícias da Coreia do Norte, a KCNA, nesta sexta-feira (24/11).
Um dia antes, Kim Jong Un visitou a Administração Nacional de Tecnologia Aeroespacial, que comandou o lançamento bem-sucedido do foguete ‘Chollima-1’ equipado com o satélite de reconhecimento militar ‘Wan Li-1’, após duas tentativas falhas, em maio e agosto, respectivamente.
“O novo foguete anuncia uma nova era de poder espacial que chegou à República Popular Democrática da Coreia. Ele será usado como um ‘guardião’ no espaço e fornecerá uma visão poderosa das constantes ameaças militares e atividades hostis”, elogiou o líder, acrescentando que o sucesso do lançamento do satélite “melhorou dramaticamente a dissuasão de guerra da nossa república”.
Kim reforçou sua promessa, novamente, ao falar em “trabalhar mais” para “alcançar os objetivos imediatos e esperados de criação de capacidades de reconhecimento aeroespacial propostas pelo nosso partido.” Na quinta-feira (23/11), ao confirmar o sucesso do terceiro lançamento, o líder já havia deixado o recado: “lançaremos vários satélites de reconhecimento adicionais num futuro próximo”.
Kim Joo Ae, filha do representante de Pyongyang, acompanhou seu pai na visita à administração espacial. No local, a KCNA informou que a família foi recebida por Kim Jeong Sik, vice-diretor do Comitê Central do Partido dos Trabalhadores, e Ryu Sang Hoon que, pela primeira vez, foi mencionado como diretor da Administração Nacional de Tecnologia Aeroespacial pela mídia estatal norte-coreana, fato que leva a entender que ele esteja liderando o projeto de desenvolvimento do satélite.
Ryu Sang Hoon foi incluído na lista das 100 pessoas premiadas com títulos de honra pela Coreia do Norte por suas contribuições para um dos lançamentos espaciais bem-sucedidos em dezembro de 2012.
Kim também se reuniu com os funcionários do Comitê Independente de Preparação para Lançamento de Satélites que contribuíram ao projeto. A organização auxiliou na formação do produto dentro do prazo planejado.
Twitter/ChoSun Ilbo
Kim Joo Ae (à esquerda) e Kim Jong Un, seu pai (à direita); líder da Coreia do Norte comemora sucesso do satélite espião
Ainda de acordo com a KCNA, o líder convocou um banquete de celebração convidando técnicos e cientistas em nome do governo norte-coreano. Estiveram presentes também sua esposa, Ri Sol Ju, sua filha, Joo Ae, e sua irmã mais nova, Kim Yo Jong, vice-ministra do Partido dos Trabalhadores.
Em discurso, o primeiro-ministro Kim Deok Hoon declarou que o lançamento do satélite “abriu uma nova fase nas atividades militares das forças armadas da República” e enalteceu a tecnologia norte-coreana, ao afirmar que “o poder dos nossos militares, que possuem capacidades de ataque globais, foi fortalecido para ser o melhor do mundo.”
Reação internacional
O lançamento do satélite de reconhecimento militar que capacitou a visualização de bases militares norte-americanas gerou um alerta a Washington e aos seus principais aliados com relação às ameaças da Coreia do Norte.
Seul prontamente retirou alguns trechos do acordo militar de 19 de setembro. O presidente da Coreia do Sul, Yoon Seok Yeol, mesmo com agenda no exterior, presidiu uma reunião extraordinária em Londres para a decisão sobre o tratado que, em sua avaliação, “prejudicou a prontidão militar” .
O Japão também chegou a acusar Pyongyang por “desrespeitar a resolução do Conselho de Segurança das Nações Unidas”, argumentando que tais ações põem em risco a segurança da comunidade internacional.
No entanto, a Rússia defendeu a Coreia do Norte, ao dizer que o aviso sobre o lançamento já havia sido antecipado por parte das autoridades.
A porta-voz do Ministério das Relações Exteriores da Rússia, Maria Zakharova, reafirmou a proximidade de Moscou com os norte-coreanos e acusou a Casa Branca de que as ações do país asiático são consequências das agressividades militares norte-americanas:
”Isso é resultado das atividades militares agressivas dos Estados Unidos e de seus aliados, que fornecem armas e conduzem treino militar sem descanso”, culpou Zakharova.