A aprovação da nova lei de imigração na França, que dificulta a permanência e restringe direitos dos estrangeiros no país, não satisfaz nem a esquerda, nem a direita francesas, constata a imprensa nesta quinta-feira (21/12). O texto foi adotado definitivamente pelo Parlamento na terça.
Para os conservadores, a lei é “fraca” para limitar a imigração, apesar de endurecer as regras para a obtenção de vistos familiares, da cidadania francesa e do acesso a benefícios sociais pelos estrangeiros.
Já os progressistas denunciam “a lei mais repressiva em 40 anos”, em matéria de imigração, e os prejuízos da nova legislação para a atratividade da França, num momento em que a falta de mão de obra tem prejudicado a economia do país.
“Os franceses logo vão perceber: essa lei não vai mudar muita coisa na onda imigratória à qual o nosso país está exposto”, afirma Le Figaro, ao lembrar que a população africana deve dobrar até 2050. O diário avalia que, “para contê-la”, seria necessário corrigir os acordos de 1968 com a Argélia, rever a política de vistos e cooperação com as antigas colônias francesas e “mudar realmente as normas de expulsão dos clandestinos”.
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Nova lei de imigração na França dificulta a permanência e restringe direitos dos estrangeiros no paí
Mal-estar de ministros de centro-esquerda
Já a esquerda evidencia o “mal-estar” provocado pela persistência do governo em aprovar uma lei com a qual “uma parte dos macronistas” de centro-esquerda não concordavam. Em sinal de protesto, o ministro da Saúde, o ex-socialista Aurélien Rousseau, pediu demissão e alegou que a lei “abala as bases” das suas convicções pessoais, ao restringir o acesso dos imigrantes a cuidados médicos gratuitos. A ministra da Cultura, Rima Abdul-Malak, também disse que alguns dos artigos do texto “atingem as suas convicções”, relata o Libération.
O jornal critica particularmente a exigência de uma caução financeira elevada de estudantes estrangeiros que escolhem a França, “um golpe à influência internacional da pesquisa francesa”. Nas páginas do Libération, reitores de universidades nacionais apontam que a medida representa “uma catástrofe” para a atratividade do país.