Horas após o rei da Arábia Saudita, Abdullah bin Abdul Aziz, morrer aos 90 anos, o sucessor da monarquia absoluta, Salman bin Abdelaziz al-Saud, anunciou nesta sexta-feira (23/01) que seguirá com a mesma política energética do país, isto é, de manter os preços do petróleo em baixa. A primeira declaração do novo rei vem apaziguar as incertezas nos mercados de energia: após a notícia da morte de Abdullah mercado energético registrou alta de preços do barril de petróleo no mundo todo.
EFE
Salman manterá petróleo em baixa: nos últimos seis meses, preço do produto despencou mais de 50%
“Seguiremos firmes no enfoque tradicional sobre o qual foi criada esta nação por seu fundador, o rei Abdelaziz al-Saud, e posteriormente por seus filhos. Não nos afastaremos nunca desta linha, pois nossa Constituição é o livro de Alá (Corão) e os atos do profeta Maomé”, declarou o novo monarca em discurso transmitido ao vivo da capital, Riad.
Nascido em 1935, Salman bin Abdul Aziz é príncipe herdeiro desde junho de 2012, ocupando os cargos de vice-primeiro-ministro e de titular da Defesa. Para acabar com especulações a respeito dos próximos sucessores ao trono, Abdul Aziz já indicou seu meio-irmão mais novo, Muqrin, de 69 anos, como príncipe herdeiro, e seu sobrinho Mohammed bin Nayef, de 55 anos, como vice-príncipe herdeiro.
Guardiã das mesquitas Meca e Medina, a monarquia saudita remonta ao ano de 1923 e é regida conforme e estritamente pela lei islâmica (“sharia”), sendo conhecida pelas restrições de direitos sociais, principalmente às mulheres. Com uma poderosa e conturbada aliança com os Estados Unidos no Oriente Médio, a Arábia Saudita de Salman é, ainda, a maior produtora de petróleo do mundo.
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Queda do petróleo e papel dos sauditas
Nos últimos seis meses, o preço da commodity despencou mais de 50%, quando foi de US$ 115 por barril a abaixo de US$ 60, após quase cinco anos de estabilidade. Um dos principais países por trás da queda foi a Arábia Saudita, que produze cerca de 10 milhões de barris por dia, um terço do total da Opep (Organização dos Países Exportadores de Petróleo) e pode tolerar baixos preços da commodity, já que o petróleo saudita apresenta o custo mais baixo mundial: de US$ 5 a US$ 6 o barril.
Com US$ 900 bilhões em reservas e forte influência nas reuniões da Opep, Riad optou por não sacrificar a própria quota de mercado para restaurar o preço. Eles poderiam reduzir fortemente a produção, mas os principais benefícios iriam para países considerados inimigos para os sauditas, como Irã e Rússia.
Tal situação – confirmada hoje no primeiro discurso de Salman – reforça um cenário de incertezas para outros países exportadores de petróleo com a economia em crise, como Rússia, Nigéria e Venezuela duramente atingidos pela baixa. Ontem, em pronunciamento anual à Assembleia Legislativa, o presidente venezuelano, Nicolás Maduro, anunciou que vai aumentar o preço da gasolina em 2015, após 18 anos sem reajuste do produto, o mais barato do mundo.
Wikicommons
Sede da Opep em Viena (capital da Áustria): órgão produziu quantidade superior de petróleo do que mercado internacional esperava