Atualizada às 10:15
O governo da Venezuela, liderado pelo presidente Nicolás Maduro, repudiou nesta quinta-feira (02/03) a resolução aprovada pelo Senado dos Estados Unidos que manifesta “preocupação” pela situação no país sul-americano e apoia a ativação da Carta Democrática da OEA (Organização dos Estados Americanos) contra Caracas.
“Os povos irmãos do mundo apoiam a causa da Venezuela contra ataques do senado dos EUA; aqui há um povo digno”, escreveu o Ministério das Relações Exteriores venezuelano em seu perfil no Twitter. “Apesar das agressões dos EUA, o povo unido dizemos ‘Venezuela se respeita’; nunca mais seremos colônia de ninguém.”
Na quarta-feira (01/03), o Senado norte-americano aprovou por unanimidade uma resolução impulsionada pelo republicano Marco Rubio em que os parlamentares manifestam “profunda preocupação” pela situação na Venezuela e pedem que Donald Trump, presidente dos EUA, tome novas ações contra funcionários do governo venezuelano.
Agência Efe
O vice-presidente venezuelano, Tareck Al Aissami, o presidente venezuelano, Nicolás Maduro, e um funcionário em ato do governo nesta quinta-feira (02/03)
A resolução também expressa apoio à ativação da Carta Democrática da OEA contra a Venezuela. Luis Almagro, secretário da organização, já havia invocado a Carta contra o país em maio de 2016 e convocado uma reunião do Conselho Permanente dos Estados-membros da organização sobre o que considera como “crise institucional” na Venezuela.
Na ocasião, o governo venezuelano disse tratar-se de uma “tentativa de usurpar a autoridade e a soberania do Estado” e uma “ação intervencionista violatória da Carta da OEA e do Direito Internacional”.
A pesar de las agresiones de EEUU el pueblo unido decimos #VenezuelaSeRespeta más nunca seremos una colonia de nadie. pic.twitter.com/zkWyHD5ij7
— CancilleríaVenezuela (@vencancilleria) 2 de março de 2017
O Senado norte-americano pede que Trump “dê total apoio aos esforços da OEA em favor de soluções constitucionais e democráticas ao impasse político e instrua agências federais para deter oficiais do governo venezuelano que possam responder por violações à lei dos EUA e abusos de direitos humanos internacionalmente reconhecidos”. A resolução segue para ser votada pela Câmara dos Deputados dos EUA.
A bancada govenista na Assembleia Nacional venezuelana também rechaçou a “incursão ingerencista” do Senado dos EUA contra o país. Em nota, os parlamentares bolivarianos ratificaram que os assuntos internos do país são de competência exclusiva do Poder Público nacional, e afirmaram que qualquer declaração, decreto ou lei que outros Estados aprovem “carecem de validez, são ilegais, inaplicáveis e inaceitáveis”.
“Exigimos ao Senado dos Estados Unidos que cesse de forma imediata suas atuações contra a Venezuela e lhe exortamos a concentrar-se em atender e resolver as graves crises internas que atravessa seu próprio país”, afirmaram os deputados chavistas.
EUA querem incluir Caracas em sua 'agenda de guerra', diz vice-presidente venezuelano
O vice-presidente da Venezuela, Tareck Al Aissami, afirmou no dia 26 de fevereiro que os EUA pretendem colocar a Venezuela em sua “agenda de guerra”, em referência às sanções norte-americanas contra ele e às recentes declarações do governo Trump.
No último dia 13 de fevereiro, o governo dos EUA impôs sanções econômicas a Aissami por supostamente “desempenhar um papel significativo no tráfico internacional de narcóticos”.
Estas sanções congelaram “dezenas de milhões de dólares” nos ativos do vice-presidente venezuelano – e de um empresário acusado de ser seu testa-de-ferro, Samark López – sob jurisdição norte-americana. O Departamento do Tesouro dos EUA, porém, não apresentou provas das acusações contra Aissami.
“Não há uma só prova” das alegações norte-americanas, disse Aissami. “É uma medida arbitrária, ilegal, extraterritorial, que viola todo tipo de direito (…) O OFAC (Escritório de Controle de Ativos Estrangeiros dos EUA) não emitiu uma só prova e não vai emitir porque não existe prova alguma”, afirmou.
Dias após o governo dos EUA impor as sanções contra Aissami, o presidente norte-americano, Donald Trump, se reuniu com Lilian Tintori, esposa de Leopoldo López, opositor venezuelano condenado a 14 anos de prisão pelos atos violentos durante protestos contra o governo Maduro convocados por ele que acabaram com a morte de 43 pessoas no início de 2014. Na ocasião, Trump pediu a libertação de López, o que foi rejeitado pelo governo Maduro como “intromissão” e “agressão” norte-americana contra a Venezuela.
Na mesma semana, os EUA divulgaram um comunicado pedindo “a imediata libertação” de “presos políticos” na Venezuela, assim como o “respeito do Estado de direito”, “da liberdade de imprensa”, “da separação dos poderes constitucionais” e “da restauração de um processo democrático que reflita a vontade do povo da Venezuela”.