Um mês após os violentos protestos que tomaram conta das periferias do país, o presidente francês, Emmanuel Macron, defendeu nesta segunda-feira (24/07) a volta da ordem e da autoridade. Em uma entrevista concedida aos canais franceses TF1 e France 2, Macron afirmou que “a ordem deve prevalecer e sem ela não há liberdade”, citando a “queima de escolas, de prefeituras, de ginásios e de bibliotecas” durante os tumultos.
A única solução é “a ordem, a ordem e a ordem”, disse o presidente francês. “A ordem deve prevalecer. A ordem republicana e a volta à calma”, insistiu. Para Macron, a França precisa retomar “a autoridade da escola, a autoridade dos políticos e de nossas forças policiais”, afirmou durante a primeira entrevista concedida após o anúncio de uma reforma ministerial na semana passada.
“Esta é a agenda que eu quero começar a trabalhar a partir de setembro, a agenda da autoridade parental. Não é papel da escola pública e ainda menos da polícia resolver este problema”, considera o presidente.
“Devemos responsabilizar algumas famílias, devemos acompanhar outras famílias que estão em situação de vulnerabilidade e reinvestir fortemente em nossa juventude para lhes dar um direcionamento.”
No dia 27 de junho, o assassinato de Nahel, um adolescente de 17 anos por um policial que disparou um tiro à queima-roupa quando ele tentou fugir de uma blitz, na periferia de Paris deu início a uma semana de protestos e atos violentos em toda a França.
Durante a revolta, houve ataques a prédios públicos como escolas, delegacias e prefeituras. Milhares de carros foram queimados e lojas saqueadas.
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Presidente francês voltou a responsabilizar as redes sociais na onda de violência
A pouca idade dos participantes dos protestos chamou a atenção do governo – muitos dos que incendiaram veículos ou invadiram as lojas têm apenas 12 ou 13 anos -, que chegou a considerar na época punir os pais. Mais de 1.300 pessoas foram detidas e apresentadas à Justiça, sendo que quase metade deles eram menores de idade.
Nesta segunda, o presidente francês voltou a responsabilizar as redes sociais na onda de violência –boa parte dos atos violentos foram divulgados nas plataformas. Macron defendeu uma regulamentação das plataformas “que permita prevenir atos violentos”.
“Muitos desses jovens marcaram encontros, organizaram as revoltas e até fizeram competição usando algumas dessas redes sociais”, afirmou. “Precisamos conseguir também proteger melhor as nossas crianças e os nossos jovens adolescentes das telas.”
Crise sobre violência policial
Durante a onda de protestos, outros casos de violência policial foram revelados. Em Marselha (sul da França), um policial foi detido na semana passada e outros três são acusados de violência contra um jovem de 21 anos em uma noite de revolta urbana.
O policial detido teria atirado com uma bala de borracha contra a cabeça do jovem, e com outros colegas teriam espancado o homem, que foi hospitalizado.
A detenção do agente causou uma crise na polícia. Nos últimos dias, um grande número de policiais da região de Marselha apresentaram licenças-médicas, forçando a interrupção de diversos serviços e o fechamento de delegacias.
Nesta segunda, o chefe de polícia da França, Frédéric Veaux, pediu sua soltura na ausência de decisão judicial. Questionado sobre o assunto, Macron não comentou o pedido de Veaux. O presidente francês afirmou que entendia os policiais, mas que “ninguém está acima da lei na República”.