Países da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan) podem considerar enviar soldados para a guerra da Ucrânia contra a Rússia, afirmou o ex-secretário-geral da Otan Anders Rasmussen em entrevista ao jornal britânico The Guardian. De acordo com o ex-líder da aliança militar liderada pelos Estados Unidos, esse plano está ganhando apoiadores, inclusive dentro da França.
Rasmussen liderou a Otan entre 2009 e 2014 e afirmou que a próxima cúpula da aliança militar, prevista para 11 de julho, deve incluir na sua agenda a discussão sobre uma possível adesão da Ucrânia ao bloco.
O atual secretário-geral da Otan, Jens Stoltenberg, ressaltou que garantias de segurança para a Ucrânia serão discutidas na próxima cúpula da aliança, mas que garantias de defesa contra agressões estrangeiras são garantidas apenas para membros plenos do bloco militar.
“Se a Otan não conseguir concordar com um caminho claro para o futuro da Ucrânia, há uma clara possibilidade de que alguns países individualmente possam agir. Sabemos que a Polônia está muito envolvida em fornecer assistência concreta à Ucrânia. E eu não excluiria a possibilidade de a Polônia se envolver ainda mais neste contexto em uma base nacional e ser seguida pelos países bálticos, talvez incluindo a possibilidade de tropas no solo”, disse Rasmussen ao The Guardian.
Sgt. Jarred Woods
Soldados da Otan realizam exercício militar na Lituânia
Ainda de acordo com o jornal inglês, a Alemanha resiste ao plano de enviar tropas para a guerra, com receio da reação russa.
“Acho que os poloneses considerariam seriamente entrar e formar uma coalizão de voluntários se a Ucrânia não conseguir nada em Vilnius [na cúpula da Otan]. Não devemos subestimar os sentimentos poloneses, os poloneses sentem que por muito tempo a Europa Ocidental não ouviu suas advertências contra a verdadeira mentalidade russa”, disse o ex-secretário-geral da Otan.
Uma vez que Washington tenha “colocado fim aos fatos em mãos, às decisões judiciais nesses assassinatos políticos, eles podem assumir corajosamente a tarefa de resolver os casos de outros países”.
O diplomata também denunciou que “Washington não cumpriu as normas democráticas que proclama publicamente em todos os lugares há muito tempo”. “Por detrás do pathos e da retórica hipócrita que transmitem ao mundo exterior esconde-se, na verdade, uma ambição neocolonial, o desejo de proteger por todos os meios os seus interesses e a sua influência esquiva no mundo”, concluiu.
Neste contexto, o empresário e ativista alemão Kim Dotcom escreveu em sua conta no Twitter que “o mundo seria agora um lugar muito melhor se a CIA não tivesse matado os dois homens que queriam conduzir os Estados Unios no caminho da paz”.