Ricardo Stuckert
Lula e Petro se reuniram em evento preparatório para a Cúpula da Amazônia, que ocorrerá em agosto, em Belém do Pará
Em discurso realizado durante a Reunião Técnico-Científica da Amazônia, neste sábado (08/07), o presidente brasileiro Luiz Inácio Lula da Silva ressaltou que seu governo pretende aprimorar os instrumentos multilaterais entre países da região, com o objetivo de criar uma ação coordenada entre eles para a defesa da biosfera amazônica.
A declaração do mandatário aconteceu na cidade colombiana de Leticia, em evento que serviu como prévia para a Cúpula da Amazônia, programada para o dia 8 de agosto, na cidade de Belém do Pará.
Na reunião deste sábado, Lula se encontrou com o presidente da Colômbia, Gustavo Petro, anfitrião do encontro, que recebeu também os ministros do Meio Ambiente dos oito países da região amazônica: além do Brasil, representado por Marina Silva, e da própria Colômbia, também estiveram presentes os representantes de Bolívia, Equador, Guiana, Peru, Suriname e Venezuela.
Segundo Lula, “cuidar da Amazônia é um privilégio e uma responsabilidade. Cabe a nós decidirmos como dar uma vida digna para nossa gente e preservar nossa floresta e biodiversidade. A cúpula de Belém é uma oportunidade para os oito países amazônicos assumirem o protagonismo na busca por soluções compartilhadas”.
As palavras do mandatário brasileiro remetem a uma das iniciativas que tanto ele quanto seu homólogo colombiano pretender recuperar: a Organização do Tratado de Cooperação Amazônica (OTCA), mecanismo internacional criado em 1978 com o objetivo de permitir uma ação coordenada entre os países da região para proteger todo o território amazônico, diminuindo ou até eliminando a necessidade de ajuda externa para essa missão.
Em janeiro, quando tomou posse do seu terceiro mandato, Lula afirmou que pretendia recuperar a OTCA para que os países amazônicos planejem um novo sistema, não só para a proteção ambiental, mas também para estabelecer o uso racional dos recursos naturais da Amazônia e a promoção do desenvolvimento sustentável dos povoados locais.
No evento deste sábado, o presidente brasileiro acrescentou que pretende “estabelecer um comitê de especialistas da Amazônia, para gerar conhecimento, uma rede de contatos entre instituições de ensino e pesquisa, que contribuirá para a criação oportunidades para a nossa juventude”.
“A Cúpula de Belém será um momento de correção de rota. A abertura para autoridades locais e para a sociedade será um componente essencial para isso. Não se faz política pública sem a participação das pessoas que compõem o território. Para isso, queremos formalizar o parlamento amazônico”, frisou Lula.
Antes de concluir sua exposição, o líder brasileiro destacou que “os países amazônicos têm dois desafios para enfrentar juntos. Um institucional, para o fortalecimento da organização do tratado de cooperação amazônica. O outro é político, para a construção de uma nova visão de desenvolvimento sustentável para a região”.
Por sua vez, o presidente colombiano Gustavo Petro expressou sua preocupação com o acelerado processo de destruição da floresta amazônica e destacou a necessidade de agir para enfrentar a mudança climática. “Vivemos em um tempo em que para defender a vida é preciso fazer mudanças, fazer transformações, e temos que construi-las juntos”, afirmou.
Segundo Petro, para proteger a vida é preciso “transformar todo o sistema econômico mundial”, e promover “uma revolução baseada na descarbonização”. O mandatário colombiano insistiu em que a mudança da matriz energética dos países da região deve ser um dos pilares para a conservação da Amazônia.